Onde foram parar as escolinhas de arte?
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de dezembro de 1980
Das incoerências do ensino: nunca se falou tanto em desenvolvimento das artes plásticas, da formação de novo público - capaz de se constituir em consumidor de tantas exposições (oficiais ou privadas) realizadas regularmente, mas, se extinguem as escolinhas de arte junto aos estabelecimentos do ensino do primeiro grau. O pintor Guido Viaro (1896-1971), idealizador da pioneira Escolinha de Arte junto à Biblioteca Pública do Paraná, ainda nos anos 50, teria sua memória homenageada se houvesse por parte da Secretaria da Educação maior preocupação em não só manter as (raras) escolinhas de arte junto aos estabelecimentos de ensino do Estado, mas se também procurasse estimular a implantação de novas unidades. Afinal, graças a escolinha de arte que funcionou ativamente por muitos anos no porão do Colégio Estadual do Paraná, centenas de crianças despertaram para as artes. Não se trata de formar pintores, escultores, gravadores, mas fazer com que a infância entenda o significado da arte.
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Augusto Rodrigues, hoje aos 70 anos, foi quem, em 1948, idealizou e fundou a primeira unidade deste gênero - a Escolinha de Arte do Brasil (Avenida Marechal Câmara 314, Rio de Janeiro), que indiretamente ainda dirige. Há 21 anos, o jornalista João Emílio Falcão, na revista "Boletim Bibliográfico Brasileiro", analisava a importância desse movimento, que em 1959 incluía mais de dez escolinhas em vários Estados. As sementes plantadas por Rodrigues prosperaram - tendo no Paraná o entusiasmo de Guido Viaro, que contava, entre outros, com o apoio de Ennio Marques Ferreira, na época diretor do Departamento de Cultura. Infelizmente, nos últimos anos houve desativação de muitas escolas e nenhuma preocupação por parte da Secretaria de Educação em desenvolver novas experiências - na Capital ou interior. Agora, quando se fala num boom na área das artes plásticas, com uma presença ativa de jovens criadores em várias técnicas, é de se lamentar a falta de unidades capazes de prepararem um público inteligente e sensível. Além de, nas próprias escolinhas, serem revelados novos talentos.
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