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Aramis

Os bons estão voltando

Entre uma produção extremamente descartável, com muito lixo imposto nas lojas, há entretanto, alguns discos que podem ser ouvidos sem maiores dores auditivas. Eis alguns exemplos. Bruce Springsteen (fonograficamente) no Brasil há 3 ou 4 anos, mas sua carreira é longa. Sem chegar a ser um Bob Dylan na luta pelos direitos civis, Bruce trouxe sempre em suas canções um canto amargo, crítico a outra América, fazendo-o um ídolo, responsável pela venda de milhões de cópias de seus discos, inclusive uma caixa com 4 elepês, que esgotou suas primeiras tiragens em questão de dias. Seu último disco editado no Brasil ("Tunnel of Love", CBS), mostra uma seleção balançante, gostosa, de canções espirituosas como "Walk Like a Man" e "Valentine's Day". Robbie Robertson, canadense, trabalhou por 8 anos com Bob Dylan (1960-68) e mais oito - a partir de Woodstock - como líder do "The Band", que ganhou até um documentário de Martin Scorcese. Como disse o experto Jean-Yves de Neuf ille, o amálgama, único, de rock'n'roll com country e tolk, elaborado pela The Band, abriu caminhos para Springsteen, Dire Straits, John Cougar e outros. Robertson volta agora, num disco solo (WEA), com a participação de gente muito especial como Peter Gabriel e sua banda (o baixista Tony Levin e o Baterista francês Manu Katché) e o U2, com a presença de The Edge, Clayton, Larry Mullen e Bono nos vocais. Stevie Wonder consegue segurar a peteca, seja como produtor, compositor, arranjador, instrumentista ou cantor. Já ganhou Oscars, Grammy e montes de discos de ouro com seus álbuns, sempre belos e criativos. São 25 anos de estrada (seu primeiro hit, "Fingertips Part 2", escalou as paradas em 1963, quando ele tinha apenas 13 anos), Stevland Morris - o Stevie Wonder, foi um dos astros que ajudou a Motown a se tornar a poderosa gravadora que é há anos. Em seu novo LP, "Characters" (Ariola/BMG) Wonder traz uma balada-afro, Free, no qual mescla a percussão africana com a sofisticação dos sintetizadores. O funk "Skeletons" tem ritmo e apoiada por sete belas vozes e com Michael Jackson há um duelo: "Get it". Em "With Each Beat of My Heart", Wonder soma aos sintetizadores, bateria e percussão natural - como ótimos resultados. Como sempre, Wonder faz juz ao nome. Steve Winwood ao longo destes últimos 20 anos passou pelo Spencer Davis Group, Triffic e Blind Feith. E fez também carreira solo, como mostra neste "Chronicles". Intercalando trabalhos antigos - como "Vasant Chair", de 1977, ou "Valerie", de 1982, a produções recentes - ("My Love's Leavin"), Winwood demonstra a permanência de um estilo sempre personalizado, sem cair em armadilhas de modismos e que, com razão, justificaram que no ano passado, fosse premiado com o Grammy como melhor cantor. Para um compositor, cantor e instrumentista que conseguiu passar 20 anos, em diferentes formações, mantendo uma integridade sonora, sem dúvida que "Chronicles" representa um bom momento. Neil Diamond tem uma curiosa trajetória no rock: este poeta protestante, de voz timbrada e marcante, tem uma carreira que, voluntariamente, interrompe suas atuações quando deslancha. Entre 1972/76, por exemplo, esteve ausente das gravações. Agora, retorna, com um interessante álbum duplo ("Hot August Night II", CBS), gravado ao vivo, na última temporada que fez em teatros de Nova Iorque, Los Angeles e Milwaukee... Como acentuou Castilho de Andrade do "Jornal da Tarde", Diamond soube escolher o repertório, com arranjos novos e apoiado por uma ótima carreira. Diamond está entre os recordistas de vendas (já foram consumidos 53 milhões de seus discos, o que lhes valeu 25 discos de ouro e 13 de platina, com 30 canções nas paradas de sucesso). Como há um "II" no título deste álbum, entende-se que há um "Hot August Night I". E este é de 1972, gravado no Greek Theatre, em Los Angeles, onde 60 mil pessoas se reuniram para celebrar a primeira fase de Diamond - quando ele se afastou das atividades.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
13
08/05/1988

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