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Aramis

Os filmes do FestRio que chegarão as telas

Rio de Janeiro - Embora encerrado oficialmente no sábado 26, com uma bela festa na qual - ao contrário do que havia acontecido no ano passado - tudo deu certo e, apesar de já ter ocorrido a apresentação da Sinfônica Brasileira e queima de fogos de artifícios, no alto do Forte de Copacabana, o FestRio não terminou ainda. De segunda a quarta-feira, alguns dos mais importantes críticos de cinema do mundo estiveram reunidos num seminário discutindo a própria crítica, seu declínio internacional e as novas formas de cinema - num enfoque que justificará, na próxima semana, façamos um registro especial. Em termos de exibição, o Cineclube Estação Botafogo - hoje o mais ativo núcleo de atividades cinematográficas do Rio de janeiro - está mostrando desde o dia 28 - e estendendo-se por mais uma semana - não só alguns dos filmes que participaram da mostra competitiva, mas também muitos dos que deveriam ter sido apresentados na mostra informativa (Stúdio Copacabana) mas que, devido a problemas de liberação na alfândega acabaram sendo cancelados - conforme registramos em notícia anterior. Se as promessas e intenções valerem, alguns dos filmes apresentados no FestRio este ano terão lançamento comercial no Brasil. Conforme noticiamos quarta-feira, em primeira mão nacional, o distribuidor paulista Raul Rocha - um dos mais ativos caixeiros-viajantes do cinema e vídeo no Brasil, negociou com Rafael Alcazar o lançamento de seu filme "No Hagas Planes con Marga" - apesar deste ter dividido com o intaliano "Mamba", de Mário Orfini, as críticas mais negativas. Uma nova distribuidora e produtora a Skylight, de Bruno Stripiano e do cineasta Uberto Molo ("Tomenta", "Por Incrível que Pareça", "Uma Avenida Chamada Brasil"), está investindo em bons filmes. É ela quem distribui o melhor filme exibido no FestRio - "Minha Vida de Cachorro" (ver comentário nesta mesma coluna) [próximo registro] - e negociou os direitos de "O Professor de Música" (Le Maître de Musique, Bélgica, de Gerard Corbiau) - para muitos, o filme que merecia ter vencido o Festival (recebeu apenas um Prêmio Especial do Júri, dividido com "Meus Anos Dourados / The Year My Voice Broke", Austrália, de John Duigan), a Skylight também teria comprado os direitos de "As Portas Giratórias" (Les Portes Tournantes), Canadá, de Frances Mankiewicz, outro dos melhores filmes do FestRio - que ficou com duas premiações dos júris paralelos - o OCIC, do Office Catholique Internacional Du Cinema e o Prêmio CIFEJ - Centre Internacional de Filme pour l'Enfance e la Jeunesse. "A Cilada [Armadilha] de Vênus" (Die Venusfalle), Alemanha Ocidental, de Robert van Ackeren - o filme mais audacioso da mostra (mas que não teve nenhuma premiação), também foi adquirido pela Skylight. Uma história interessante - um médico em busca de realização sexual, amando belíssimas mulheres (Myriem Roussel e Sonja Kirchberger - que esteve no Festival, fazendo sensação por sua sensualidade). A Skylight ainda disputava, no início da semana, a compra de dois outros filmes: "El Camino Del Sur", co-produção iugoslava-argentina, de Juan Bautista Stagnaro (que valeu à iugoslava Mirjana Jakovic o Tucano de Prata de melhor atriz) - que representou a Argentina e o interessante "Helsinki/Napoli: Toda Noite" (Helsinki/Napoli All Night Long), um thriller policial, rodado em Berlim Oriental,direção do finlandês Mika Kaurismaki (que se encontra no Brasil, preparando uma co-produção), e que reuniu no elenco além de bons atores (Jean Pierre Castaldi, Nino Manfredi e Eddie Constantine) também três participações especiais - os cineastas Samuel Fuller (num personagem importante, como vilão), Wim Wenders ("Paris, Texas") e Jim Jarmusch ("Stranger Than Paradise", "Daunbailô"), este em rápidas aparições. A Art Filmes disputava com a Alvorada (ex-Gaumont) a compra de "Sur", o belíssimo filme do argentino Fernando Solanas ("Tango: O Exílio de Gardel"), que abriu o Festival - e mesmo não concorrendo, foi premiado pela FIPRESCI - Federation Internacionale de La Presse Cinematographique, que como acontece em todos os festivais, considera em seu julgamento todos os filmes apresentados, e não apenas os da mostra competitiva. Embora a Art Filmes seja lenta em suas negociações (há dois anos adquiriu o excelente "Mulheres", produção alemã de maior bilheteria em 1986, mas até hoje não o lançou no Brasil), é possível que "Sur" - um filme político mas em ritmo musical (como "Tangos") chegue nos circuitos no próximo semestre. Em Buenos Aires, está em cartaz há seis meses, tendo estreado logo após o prêmio de melhor diretor que Solanas obteve no Festival de Cannes. LEGENDA FOTO - Sonja Kirchberger, esta gata sensualíssima, foi a atração maior do FestRio. E a estrela da "A Armadilha de Vênus", que terá lançamento comercial no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/12/1988

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