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Aramis

Os livros do Samba

Proprietário de uma das maiores gráficas de São Paulo, Moacyr Baumstein, decidiu ampliar a Símbolo também para a editora, voltado exclusivamente para autores brasileiros. Assim, em 1976, foi quem publicou alguns dos mais importantes livros, de diferentes gêneros romance, contos, reportagens etc. É um setor tradicionalmente esquecido pelos editores, também mereceu sua atenção: estudos sobre música brasileira. O primeiro título a sair foi "Sua Excia. O Samba" do pesquisador Henrique Alves, lançado originalmente em 1968, mas agora revisto, ampliado e fartamente ilustrado, numa edição de 174 páginas, ao longo das quais o autor, 46 anos, tradutor de "Quão Vadis" de Henrik Sienkiwicz, já com uma extensa obra, desenvolve um vírogoro estudo sobre as origens do samba, sua evolução e principais figuras. xxx Nos últimos dias de 76, apareceu "Do Batuque à Escola de Samba" de José Munis Júnior, alagoano de Penedo, mas há 38 anos residindo em Santos, onde é um dos mais entusiastas estimuladores das escolas de samba. Idealizador do I Simpósio Nacional do Samba (Santos, 1966), fundador da Escola de Samba X-9, pesquisador e colaborador de vários jornais e revistas, sua obra em favor da música o tem feito merecedor de muitas honrarias. No ano passado, publicou "Panorama do Samba Santista" (Cia. Litográfica Ypiranga) e tem dois outros livros no prelo "X-9, Escola Pioneira" e "Eldorado de Manoa". Em "Do Batuque à Escola de Samba" (Símbolo, 207 páginas, Cr$ 40,00), ao qual deu o título de "Subsídios para a História do Samba" é um livro que se, na primeira parte, reúne informações sobre a origem do samba, compilando muitas teses, na segunda oferece um material inédito, o que faz uma obra recomendável: um estudo sobre as escolas de samba, campo onde ainda é precaríssima a informação, com exceção do fundamental estudo jornalístico de Sérgio Cabral, editado há 3 anos, pela Fontana. A partir da página 195, no apêndice ( "A Escola de Samba e Sua Organização"), Munis Júnior oferece um grande número de informações em torno de como deve ser organizada uma escola de samba, aspectos legais e os regulamentos dos desfiles de carnavais, em São Paulo e Rio de Janeiro. Quando o Carnaval curitibano mostra mais uma vez a precariedade e improvisação de nossas pobres escolas, que insistem em não se estruturar, dependendo exclusivamente da subvenção oficial e praticamente agrupando-se poucas semanas antes do Carnaval, a leitura do livro "Do Batuque à Escola de samba", de Munis Júnior, recomenda-se aos comandantes destas Escolas. xxx A música popular brasileira já deve muito a Marcus Pereira, 47 anos, advogado (turma de 1954.USP), ex-jornalista, ex-publicitário, há 9 anos produzindo o que há de melhor em termos de música brasileira. Após concluir o mapeamento musical do Brasil, com 16 elepês fundamentais (Nordeste/Centro Oeste-Sudeste/Sul/Norte) e mais de 30 lançamentos avulsos (inclusive os 2 discos de Cartola), hoje associado a Copacabana, Marcus Pereira inicia uma coleção de livros sobre MPB, em colaboração com a Hugiteg (Editora de Humanismo, Ciência e Tecnologia), lançando "A História do Jogral" (93 páginas, capa de Moema Cavalcanti). Antes de tudo um depoimento sobre uma fase da vida musical paulista, o livro de Marcus é dedicado ao seu amigo, compositor e cantor Carlos Paraná, falecido em dezembro de 1970, quando suas músicas começavam a aparecer ("Canção de Amor e Paz" e "Maria Carnaval & Cinzas"). A casa de samba Jogral, fundada por Carlos Paraná, e até hoje funcionando em São Paulo, faz parte da história da MPB e assim, é mais do que justo a mesma merecer um livro, que Marcus, como cliente , amigo e sócio, melhor do que ninguém poderia contar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
18/01/1977

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