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Aramis

Os melhores títulos lançados durante 86

Pouco a pouco, organizam-se as distribuidoras de videocassetes no Brasil. Assim, em 1986 apareceram diversas empresas que, legalmente, estão colocando títulos no mercado, devidamente selados e respeitando os direitos autorais. A partir de agora já é possível começar a se estabelecer um novo ranking: os dez melhores títulos de tapes colocados à disposição das locadoras e videomaníacos. Apesar do custo de Cz$ 1.000,00 a Cz$ 1.200,00 por unidade, há os que preferem ter cópias originais de clássicos como "O Encouraçado Potenkim" e "Que Viva México" de Einsenstein ou "A Noite" de Antonioni - do que ficar com cópias borradas e piratas. É um mercado difícil e incipiente, mas que tende a crescer. Até agora, poucos veículos de imprensa escrita abriram espaço para boas colunas sobre vídeo. E de todos os profissionais que atuam na crítica de cinema, sem dúvida é Rubens Ewald Filho hoje o mais bem informado editor de colunas no setor. Redator do "Jornal da Tarde", autor já de três "guias de vídeo" para a Sigla Editora (Cz$ 75,00 o exemplar, solicitações à rua Alice de Castro, 60, CEP 04015, São Paulo), Rubens, profissional do maior conceito e com uma informação notável - graças especialmente a sua presença em todos os festivais e eventos cinematográficos no Brasil e Exterior - é a pessoa que mais contribui para a difusão do vídeo no Brasil. Assim, sua opinião conta muito - justificando que aqui façamos o aproveitamento da sua indicação dos dez melhores lançamentos em vídeo no Brasil, durante o ano de 1986 - afora o lançamento "hors concours", o clássico "Senso/Sedução da Carne", 1954, de Luchino Visconti (em Curitiba, há uma cópia no Disk Tape, por sinal, com pouquíssima procura - o que demonstra, mais uma vez, a ignorância da maioria dos que procuram nas locadoras exclusivamente filmes do momento, promovidos pela mídia. Rubens Ewald informa também que entre os títulos mais vendidos em 1986 estão "Isto é Pelé" (10 mil cópias), "A Testemunha" e "Indiana Jones" (este último, lançamento recente da CIC). Eis a listagem dos melhores vídeos, em edições seladas, feitas no Brasil em 1986. 1. Narciso Negro - (F.J. Lucas) Drama inglês de Michael Powell sobre a sensualidade reprimida das freiras num convento no Himalaia. Com Deborah Kerr e Jean Simmons. 2. Um dia dos Diabos - (VideoCassete do Brasil), de Jean Louis Trintignant (sua estréia na direção). Comédia de humor negro. 3. O Casamento de Maria Braun - (Pole Vídeo), de Werner Fassbinder. Com Hannah Schigulla. 4. Kaos - dos irmãos Taviani (F. J. Lucas). Lançamento simultâneo com a estréia do filme nos cinemas. A indicação deste filme pela crítica como um dos 10 melhores do ano já fala por si. 5. Corpo Ardente - de Walter Hugo Khouri e "Os Cafajestes", de Rui Guerra (Globovídeo). Filmes de 1964 e 1962, respectivamente - marcos da renovação do cinema brasileiro. 6. Quando se Perde a Ilusão - First Bron (CIC Vídeo). Um belo filme sobre adolescentes. Passou despercebido nos cinemas. Mas merece ser redescoberto, diz Ewald Filho. 7. Totó e as Mulheres - (Globo Vídeo). Primeiro filme lançado em vídeo do grande comediante italiano Totó (Antonio de Curtiss-Gagliardi Griffo Focas, Nápoles, 1897-Roma, 1967). 8. O Ferroviário - 1956, de Pietro Germi (1914-1974) - lançamento da Globovídeo e "Conheço Bem Essa Moça" (F.J. Lucas). Duas esplêndidas produções italianas. 9. A Guerra e as Crianças - (Nacional Vídeo). Sensível drama japonês sobre a inutilidade da guerra. Menções - Outros filmes mereceriam integrar a lista: "Por Quem Os Sinos Dobram", "O Poderoso Chefão I", "A Testemunha" (todos da CIC Vídeo), "A Morte de Randy Webster" (Nacional), "Homem Elefante" (VITI) e "Picnic na Montanha Misteriosa" (Look Vídeo). LEGENDA FOTO - "Amadeus", premiado com vários Oscars em 1985, único filme de arte entre os mais procurados nos vídeo-clubes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
04/01/1987

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