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Aramis

Os múltiplos talentos do bom baiano Leonel

A individual do pintor potiguar-baiano Leonel flores Brayner, 49 anos, hoje, na Galeria Momento-Arte se constitui num dos eventos da semana. Embora coincidindo com dois outros badalativos acontecimentos - o coquetel de comemoração do 7º aniversário da revista "Quem" e a estréia de "Feliz Páscoa", de Jean Poiret, com Paulo Autran, no Guaíra - a mostra do criativo artísta plástico nordestino deverá ser prestigiada por uma multidão de amigos. Quando militar, Leonel Flores Brayner residiu em Curitiba, época que graças ao estímulo de seu padrinho artístico, o marchand-de-tablaux e também pintor, Jorge Carlos Sade, venceu a timidez que o caracterizava desde seus tempos de seminarista e se animou a mostrar seus primeiros trabalhos. Foi, entre tantas descobertas do bom Sade, uma das mais talentosas. Criativo ao máximo, numa linha de perfeição cromática-visual que o aproximou do grupo formado por seus amigos Carlos Eduardo Zimmermann, Bia Wouk e a falecida Maria Isabel Bakker, Leonel, em pouco tempo se firmou como um artísta de sólidas condições profissionais xxx Transferindo-se para Salvador, na tranqüilidade da praia de Itapoã, Leonel, com estímulo de sua bela musa inspiradora, a carioca Aninha, desenvolveu-se ainda mais artisticamente. Cresceu tanto que deixaria o Exército - interrompendo, assim uma tradição centenária da família (pai, avô e bisavô generais, muitos tios e primos em altos postos na vida militar) e, mesmo ainda trabalhando como técnico em administração numa multinacional, passou a produzir mais trabalhos. As exposições se multiplicaram e, poliglota, Leonel passou a viajar pela Europa, colocando seus quadros em importantes galerias - garantindo assim a cotação em dólar de seus trabalhos. xxx Hoje, os quadros de Leonel têm ótima cotação e ele não chega a vencer as solicitações para mostras nas mais respeitadas galerias do Brasil e do Exterior. Apesar de ter tido, em Curitiba, a acolhida inicial na Acaiaca, desta vez Leonel atendeu a solicitação de Denise Moro, a sensual morena da Momento-Arte, e ali expõe alguns de sues melhores trabalhos da última fase. Tão valiosos que, mesmo antes da vernissage, já encontraram inúmeros interessados, o que faz prever que os mesmos serão vendidos em poucas horas, pois quem conhece arte, sabe do valor dos trabalhos de Leonel. xxx Mas não é apenas o talento nas artes plásticas, que faz deste nordestino de muitos Estados - filho de alagoano, nascido em Sergipe e criado no Rio de Janeiro (no Colégio Militar foi colega de Arthur Moreira Lima), uma pessoa incrivelmente estimulada e fascinante. Apaixonado por música, é dono de uma das maiores coleções de discos do Brasil, agora ampliada para a área do compact laser, da qual já possui nada menos que 500 unidades, entre preciosidades jazzísticas. Isto o fez, em Curitiba, preferir hospedar-se no triplex de seu amigo Caetano Nunes Cerqueira Cesar Rodrigues, que é, atualmente, o proprietário do maior acervo em laser da cidade, especialmente na área do jazz. Violonista nas horas vagas, compositor bissexto, algumas das músicas de Leonel Flores já estão nas mãos de uma de suas musas artísticas, a cantora Joanna (a outra é Simone), que pensa inclusive em gravá-las. Admirador apaixonado também dos baianos Gilberto Gil, Tom Zé, Caetano Velloso, Maria Bethania e de seu amigo de infância Djavan, Leonel poderia fazer carreira também na música, mas com isto as artes plásticas perderiam um grande talento. O que não impede, entretanto, de que na noite baiana - da qual é um dos grandes animadores - vez por outra, nos restaurantes mais sofisticados de Salvador, ou mesmo no forró do lendário saxofonistas Sandoval, se deixa de ouvir a sua voz afinada ou o seu violão bossanovista, presente de um dos irmãos de João Gilberto, que, a exemplo de Edil Pacheco, Riachão, Panela e tantos outros grandes talentos maiores (embora pouco conhecidos no sul) sejam presenças contantes em seu apartamento duplex, um dos ambientes mais acolhedores e simpáticos da boa terra. Leonel permanecerá em Curitiba até o final da semana e são tantos os convites para jantares, almoços e homenagens, que teve que solicitar à sua amiga Liesle Muniz, experiente em termos de cerimonial, a organização de uma agenda para poder cumprir todos os compromissos. xxx Recentemente ainda, Leonel foi convidado a concorrer ao Legislativo na Bahia, pois seu prestígio no meio artístico é muito grande. Modesto, preferiu adiar por alguns anos qualquer pretensão política e continuar apenas dedicando-se à pintura e, nas horas vagas, à música. Mas, dentro de sua generosidade que o faz até assustar-se, de vez em quando, com os resultados financeiros obtidos pelas suas exposições, Leonel já se comprometeu a doar 70% do que obtiver nas exposições deste segundo semestre para os candidados do Partido Humanista, na Bahia, que merece a sua simpatia pessoal.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
27/08/1986

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