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Aramis

Os nossos senadores (I)

PESQUISADORA de coisas, fatos & homens do Paraná, a professora Maria Nicolas, cujo trabalho não nos cansamos de louvar, está dando nova prova de que a idade não é desculpa para se parar de produzir. Acaba de lançar o volume "O Paraná no Senado" (57 páginas, edição da Imprensa Oficial do Estado), onde conclui o levantamento feito em "O Paraná na Câmara Federal", onde publicou biografias de todos os congressistas que o Paraná teve em sua história. Trata-se de um livro despretensioso, simples e objetivo, mas de extrema utilidade - como aliás, todas as obras que a professora Maria Nicolas faz. xxx Há quatro anos, numa série de textos que publicamos nesta coluna, tentamos contar quais foram os homens que, a partir da República, representaram o Paraná no Senado Federal. A nossa pesquisa jornalística, rápida e portanto sujeita a imprecisões históricas, foi agora complementada pelo trabalho cuidadoso de dona Maria Nicholas, que aparece em momento dos mais oportunos, principalmente considerando-se que dentro de 5 semanas os paranaenses escolherão um novo senador, entre três candidatos: os emedebistas Enéas Faria e José Richa e o arenista Túlio Vargas. xxx A primeira representação do Paraná perante o Congresso Nacional foi de um senador e um deputado federal, a partir da emancipação da Província em 1854. O primeiro Senador do Império, representando a nova Província - antiga 5ª Comarca de São Paulo - foi João da Silva Machado (1782-1875), homem de origens humildes, gaúcho de Taquari, e que conseguiu se projetar graças ao trabalho em diferentes atividades: foi alfaiate, tropeiro, trabalhou na abertura de estradas no Interior, até ingressar na Guarda Nacional, iniciando como praça de pé e chegando a tenente-coronel. E foi como militar que veio ao Paraná, para reconhecer os sertões do Tibagi, Paranapanema, Ivaí, Ribeira, que já haviam sido explorados no século XVIII pelo sertanista Affonso Botelho de Sampaio e Souza (888pode-se dizer que foi o primeiro senador biônico). Ao ser instalada a Província do Paraná, surgiu como candidato único. E a senatória era então cargo vitalício. Permaneceu por 21 anos, acumulando vários títulos, inclusive o de Barão de Antonina. xxx O segundo senador do Império já foi escolhido por eleições diretas, realizadas a 1º de novembro de 1876. Existiam então dois partidos políticos - Conservador e Liberal. Os conservadores estavam no Poder e o governo Imperial empenhou-se pela vitória do conselheiro Manoel Francisco Correia Neto (1831-1905), vencendo por pequena margem de votos. Em sua pesquisa, dona Maria Nicolas omitiu o nome do candidato liberal, salientando porém que "era cidadão de indiscutível valor moral". O senador Correia Neto era parnanguara; aos 12 anos foi morar no Rio de Janeiro, mas formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1853. No ano seguinte começou a exercer funções oficiais no Rio, onde foi secretário do governo, sendo depois presidente da Província de Pernambuco, deputado geral, e depois senador pelo Paraná. Sua carreira não se encerrou no Senado: foi ministro dos Negócios Estrangeiros e na República [continuou] a ter cargos públicos: diretor geral do Tribunal de Contas (em cujo cargo se aposentou, o que mostra que na época já era este o final das carreiras dos políticos). xxx Com a Proclamação da República, a 15 de novembro de 1889 houve a Assembléia Constituinte Republicana que funcionou de 15 de novembro de 1890 a 26 de fevereiro de 1891. Houve depois a 1ª Legislatura Republicana Ordinária, de 15 de junho de 1891 a 25 de outubro de 1893, pois "nos idos provinciais e da República velha as legislaturas eram bienais", recorda dona Maria Nicolas. Nesta primeira legislatura, houve três homens que ocuparam as funções de Senador pelo Paraná: Ubaldino do Amaral Fontoura (1842-1920) esteve no Senado somente até 30 de dezembro de 1891, quando renunciou o mandato por ter sido escolhido Ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo que também renunciaria. Reeleito em 15 de julho de 1892, teve um mandato de 9 anos. José Pereira dos Santos Andrade (1842-1900), eleito Senador pelo Partido Conservador, também renunciou para assumir a presidência do Estado, em 1895. Seu mandato no Senado seria de 6 anos. Assim, na primeira legislatura, coube a Generoso Marques dos Santos (1844-1928), que era deputado provincial desde 1865, completar o mandato. xxx Na 2ª Legislatura da República não houve eleições para o Senado nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul devido a chamada guerra entre "pica-paus" e "maragatos". A data marcada inicialmente era 31-10-1893, depois adiada para 01-03-1894. Só a 6 de janeiro de 1895 Vicente Machado da Silva Lima (1860-1907) era eleito em substituição a Generoso Marques, com um mandato de 9 anos. Ubaldino do Amaral, que tinha mandato de 6 anos, foi substituído por Arthur Abreu, enquanto que Santos Andrade, que também havia renunciado ao mandato para assumir o governo do Paraná, foi substituído pelo padre Alberto José Gonçalves (1859-1945). xxx Na terceira legislatura (1897-99) houve apenas uma alteração: Alberto Gonçalves e Vicente Machado continuaram em seus mandatos de 9 e 6 anos, respectivamente, enquanto que Cândido de Abreu, renunciando a 11 de maio de 1897 foi substituído por Joaquim Rezende Correia de Lacerda (1841-1905) que, como Ubaldino do Amaral, também era lapeano. Na quarta legislatura (1900-1902), para o mandato de 9 anos era eleito o curitibano Brazílio Ferreira da Luz (1858-1940), continuando no Senado Alberto José Gonçalves e Vicente Machado. xxx Na 5ª Legislatura 81903-1905), com a renúncia de Vicente Machado para assumir o governo, era eleito a 5 de junho de 1904 o castrense Francisco Xavier da Silva (1838-1922). Brasílio e o padre Alberto continuavam senadores. Na 6ª Legislatura (1906-1908) houve modificações: Cândido de Abreu (1815-1876) foi eleito para a vaga deixada por monsenhor Alberto Gonçalves e Manoel de Alencar Guimarães (1865-1940) era eleito a 28 de julho de 1908 para a vaga de Xavier da Silva - que também renunciou por uma razão muito estimulante: assumiu o governo do Paraná. A 7ª Legislatura (1910-192) pouco mudou: Generoso Marques voltou ao Senado, com o fim do mandato de Brazílio e prosseguiram Cândido de Abreu e Manoel Guimarães. Na 8ª Legislatura (1912-1914), seria Xavier da Silva, que já tinha terminado seu período de governador, que voltaria ao Senado, substituindo a Cândido de Abreu, que renunciou a 13 de fevereiro de 1913 para assumir a Prefeitura de Curitiba. Nos cinco anos seguintes, 9ª e 10ª Legislatura (1915-1920, continuou a mesma formação no Senado: Xavier da Silva, Manoel Guimarães e Generoso Marques. Em 1921, para a 11ª Legislatura, afinal, assumiam dois novos políticos: Carlos Cavalcanti de Albuquerque (1864-1940), carioca, eleito para a vaga deixada por Manoel Guimarães e Affonso Alves de Camargo (1873-1916), guarapuavano, substituía a Xavier da Silva. Em eleições diretas, ao contrário de seu neto, que será o senador biônico na próxima legislatura.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
4
04/10/1978

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