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Aramis

Os planos de Euro no Círculo Bandeirantes

Assumindo as próximas semanas a presidência do Círculo de Estudos Bandeirantes - em decorrência da integração desta instituição com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná - o reitor Euro Brandão tomará, a princípio uma atitude prática: convocar os 600 professores da instituição a se filiarem também ao Círculo. Será uma medida objetiva para não só fortalecer o Círculo, que há anos vem se diluindo por falta de novos membros, como também de injetar recursos, embora a anuidade atual necessite de um descongelamento: com apenas 180 sócios que pagam Cz$ 10,00 por mês, o que o Círculo arrecada não é suficiente sequer para cobrir as despesas de limpeza. xxx Euro Brandão, homem de extenso Curriculum, inclusive ex-ministro da Educação e Cultura, não teme desafios. Assim, apesar da situação difícil em que se encontra o Círculo de Estudos Bandeirantes, acredita que poderá reativar a instituição fundada em 12 de setembro de 1929. Conforme já registramos - e que já havia sido denunciado pela corajosa secretária da Cultura e Esportes, Suzana Guimarães, o Estado perdeu a chance de usufruir a excelente sede do CE (Rua 15 de Novembro, 1050), inaugurada há 42 anos, devido a omissão do ex-titular da pasta que, em mais de um crime cultural - dos muitos que marcaram a sua infeliz administração - ignorou o convênio que havia sido firmado pelo Governo e a diretoria do Círculo, em 31 de agosto de 1979. Como o Estado não cumpriu nenhuma das cláusulas do Convênio - e, ao contrário, iniciou obras que acabaram prejudicando ainda mais a velha edificação, e sua diretoria procurou a Universidade Católica para uma integração de esforços. "Assim a solução foi benéfica para as duas partes, já que o Círculo continuará existindo e a PUC-PR terá mais uma entidade cultural", diz o reitor Euro Brandão. xxx O convênio assinado em agosto de 1979 previa além da restauração do edifício totalmente comprometido (especialmente a área dos fundos onde funcionavam as salas de apoio e não pertencentes à estrutura básica do prédio), um programa de uso que se concretizaria no Centro de Documentação e Informação do Paraná. O Centro, criado a partir da nova utilização do edifício não comprometeria as atividades do CEB que continuaria com local para funcionamento de suas atividades e rotina. O grande alcance do novo programa estava na revitalização da biblioteca (que possui exemplares preciosos) integrando-o num sistema de documentação moderno, a partir da fusão com a Divisão Paranaense de Biblioteca Pública do Paraná e, com a ampliação prevista, mediante a incorporação ou aquisição de bibliotecas relacionadas com a cultura regional. Isto também solucionaria um problema da própria Biblioteca Pública, que sem espaços para se expandir, há muitos deseja encontrar um novo local para sua Divisão Paranaense - de fundamental importância. Prevendo uma série de recursos técnicos que ali seriam implantados (microfilmagem, informatização) o projeto do Centro foi elaborado por especialistas do Centro de Pesquisas e Documentação de História Contemporânea da Fundação Getúlio Vargas. Além de revitalizar o CEB, o projeto previsto no convênio propunha o inventário documental e artístico do Estado, arquivos, bibliotecas particulares, etc. O projeto de recuperação do edifício ficou a cargo da Curadoria do Patrimônio, na época chefiada pelo arquiteto Salvador Gnoato, que procedeu o levantamento arquitetônico e planejou as reformas da parte anexa - nos fundos do prédio. As obras iniciadas em 1980 (a partir de concorrência via Emopar) chegaram à conclusão das adaptações estruturais da área comprometida (pisos de madeira podres substituídos por lajes e adaptações técnicas previstas pelas normas internacionais de preservação de documentos). Infelizmente, o projeto iniciado na gestão do Secretário Luiz Roberto Soares não teve colcusão por falta de verba. Seu substituto na Secretaria, por revanchismo e omissão, ignorou o convênio e as obras foram abandonadas definitivamente. Resultado: em agosto de 1984 venceu o prazo do convênio, de forma que a diretoria do Círculo, magoada, com toda razão, com o descaso oficial, não se interessou em renová-lo. Buscou então o professor Euro Brandão, sócio e ex-diretor do Círculo que iniciou as negociações para que a Pontifícia Universidade Católica do Paraná viesse a ssumir o valioso patrimônio. xxx De nada adianta, agora, reclamar. Mesmo que a Universidade Católica não tenha cursos de História, Antropologia e Biblioteconomia - que poderia se beneficiar da biblioteca e instalações do Círculo, esta instituição passará a funcionar como um anexo da PUC - PR. "Aliás, a nossa intenção não é realizar no Círculo a parte de ensino, mas sim outras atividades", explica o professor Euro Brandão, adiantando já o seu primeiro projeto: um congresso nacional de filosofia. Euro também convidou o bispo Don Frederico Helmmer para se integrar à nova direção do Círculo, que, aliás, sempre teve orientação estritamente católica - razão de sua criação há 48 anos passados, quando o avanço das idéias anticlericais defendidas por Dario Velloso e outros intelectuais preocupavam as lideranças religiosas da provinciana cidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
15
27/02/1987

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