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Aramis

Os poloneses e a grande contribuição ao Paraná

Desde 1973, quando uma exposição da Independência (5 a 14 de setembro) marcou o início de mostras didático-culturais no hall do Banco de Desenvolvimento Econômico do Paraná, ali vem sendo realizado um dos mais sérios e honestos trabalhos informativos/artísticos de nosso Estado. Com a competência de quase 20 anos na área, o casal Domício-Leila Pedroso programou um calendário dos mais diversificados, abrangendo uma multiplicidade de temas, técnicos e formas que, independente das mudanças na administração do Badep, tem continuidade. E hoje, pelo gabarito do trabalho realizado em 7 anos, seria praticamente impossível - sob riscos de um desgastes nacional - alguém tentar interromper o trabalho dos Pedroso. xxx A observação vem a propósito da importância da mostra que será inaugurada terça-feira, 17: Os Poloneses no Paraná. A exemplo do que foi feito sobre a contribuição das imigrações italiana e alemã no Paraná (mostras entre março/abril e novembro do ano passado), a exposição que agora será inaugurada - apropriadamente quando o Papa João Paulo II, polonês, vem ao Brasil, é um amplo painel de todos os setores em que os poloneses atuaram em nosso Estado, em mais de um século de efetiva presença. Para felicidade desta etnia, um de seus descendentes da segunda geração, Ruy Cristovam Wachowicz, se destacou na área da pesquisa histórica , responsável por uma bibliografia já numerosa a respeito - embora o assunto, como de qualquer outra etnia, comporte ainda inúmeros estudos. E a competência de Wachowicz, professor da Universidade Federal do Paraná, curso no Exterior a vários livros publicados (e outros a espera de editor), auxiliou muito a Domício e Leila Pedroso na organização da mostra que durante um mês, a partir de terça-feira, estará aberta no Badep. xxx a importância da mostra começa por seu catálogo - já um documento de referência que merece ser guardado. E onde textos didáticos, objetivos, dão as informações básicas. Por exemplo, antes da chegada da primeira leva de imigrantes poloneses ao Paraná, poucos foram os indivíduos que isoladamente chegaram ao Estado. Presumivelmente os dois mais antigos imigrantes poloneses foram Gaspar Eduardo Stepnowski, que em 1858 já possuía uma propriedade rural no vale do Ribeira, então município de Castro e o professor Jerônimo Durski, que chegou em 1866, vindo de Santa Catarina, fixou-se inicialmente na Lapa e foi o << pai das escolas polonesas no Brasil >>. O primeiro grupo de imigrantes poloneses chegados ao Paraná em 1871, na realidade, eram reimigrantes provindos de Brusque, SC, em número de 164 pessoas, que se localizaram no Pilarzinho, então rocio de Curitiba. O segundo núcleo colonial organizado foi o de Abranches (1873). E o grande coordenador da imigração foi Sebastião Edmundo Wos Saporski. A partir de 1878 surgem ainda no planalto curitibano as colônias de Murici, Inspetor Carvalho, Zacarias, Antônio Prado, São Venâncio, Presidente faria, Cristina, Barão de Taunay, Santa Gabriela. O fluxo imigratório polonês não parou até a I Guerra Mundial , com o surgimento de novas colônias em todo o Estado. Até 1934, dos 105.278 imigrantes poloneses, 49.415 se fixaram no Paraná. E de 1935 até 1970 entraram no Brasil mais 25.014 imigrantes de nacionalidade polonesa e até o momento << não foi possível pesquisar sua distribuição por Estado, mas << a priori >> pode-se afirmar que foram os Estados de São Paulo e Paraná que receberam os maiores contingentes deste período >>, diz Wachowicz. xxx A imigração polonesa para o Brasil caracterizou-se por ser fundamentalmente camponesa. Os imigrantes vieram para se fixarem na agricultura e aí permaneceram por várias décadas. Estima-se que até a I Guerra Mundial, a imigração polonesa foi considerada de 95% de camponeses - e sua presença urbana somente acentuou-se a partir dos anos 30, quando acelerou-se o êxito riral. Os poloneses transformaram no Paraná as outroras incultas terras de matas dos dois primeiros planaltos em celeiros agrícolas. Introduziram e/ou difundiram novas técnicas agrícolas, novos instrumentos, novos produtos e uma mentalidade agrícola nova para a época. Mas o que mais caracterizou a imigração polonesa no Paraná e no Sul do Brasil foi a aceitação e difusão, na região, da carroça. O uso em grande escala desse meio de transporte gerou na região o que se poderia chamar de ciclo da carroça. O Brasil, excluindo-se os Estados meridionais, notadamente o Paraná, foi de uma maneira abrupta lançado da era do muar, das tropas, para a era dos transportes rodoferroviários. No Paraná, desenvolveu-se um ciclo intermediário de transporte: o da carroça. xxx a exposição << Os Poloneses no Paraná >> mostra que embora a imigração tenha sido basicamente camponesa, apresentou-se um número surpreendentemente elevado de intelectuais que, de diversas formas, contribuíram para o desenvolvimento do saber e da ciência - e que seus descendentes, e mesmo alguns pioneiros, ainda fortes e entusiastas - como o professor e coreógrafo Thadeo Morozowicz, 80 anos, na área da dança - continuam neste importante trabalho. José Siemeradzki, geólogo, elaborou o primeiro esboço geológico do Paraná. Tadeu Chrostoki, ornitólogo, recolheu 10 mil exemplares da fauna paranaense, em 3 oportunidades diversas. Por sua dedicação à causa da pesquisa faleceu de malária e foi enterrado nas selvas do vale do Iguaçu. Simão Kossobudzki )1869-1934) instalou a cirurgia na então nascente Universidade do Paraná. Júlio Szemanski (1870-1958), veio para o Paraná em 1912, instalou clinicas de oftalmologia e redigiu em português o primeiro manual universidade desta especialidade. xxx O padre José Goral elaborou um dicionário português-polonês/polonês-português que serviu inúmeras geração e continua sendo utilizado até hoje. Miguelina Issak, entomóloga, em 1926, percorreu os sertões do Paraná. E, inúmeros outros exemplos poderiam ser mencionados, foram os que escreveram sobre o Paraná a partir do final do século passado. xxx Muitas famílias colaboraram para que Domício e Leila montassem as 133 unidades - entre painéis, vitrines, reproduções fotográficas, obras de arte, artesanato, objetos etc. - que permitem uma visão global da presença polonesa em nosso Estado. Destaque-se, por exemplo, os vários quadros de João Wenceslau Ficinski Dunin, engenheiro e artista plástico, pai do arquiteto Lubomir Ficinski - responsável por vários e importantes projetos de Curitiba (como a sede do Coritiba, que agora vai ser derrubada), mas foi também um artísta plástico de obra numerosa, a maioria conservada por sua esposa, dona Rosa Ficinski Dunin. Enfim, exposições são inauguradas todas as semanas. Mas a que abre terça-feira no Badep tem um significado especial
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
15/06/1980
esse site eh muito bom! tem muitas informaçoes muito nessecarias!
Gostei bastante mais precisa ser mais elaborado pois pedi sobre a "contribuição dos imigrantes do Paraná mais apareceu sobre os poloneces ,mais ta tudo bem só faltou elaborar o resto da otimo.
Eu precisava de intrumentos trazidos pelos imigrantes polonese obrigada
muito legal o texto

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