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Aramis

Os resultados que ficam

Em cada festival nativista (e eles se sucedem regularmente, quase a cada quinzena), há uma sucessão de compositores e intérpretes com uma produção sempre vigorosa. Ao contrário dos festivais que acontecem (esporadicamente) no Paraná, São Paulo e outros Estados, dos quais não ficam registros, esgotando-se a promoção no dia seguinte ao encerramento, os eventos nativistas têm sido preservados e divulgados em discos. Gilberto (35 anos, poeta e animador cultural), que, através do projeto Quero-Quero, apresenta um programa nativista-cultural em 114 rádios vem utilizando uma unidade volante para registrar muitos eventos. Além disso, também coordena produções independentes, já tendo feito 35 edições em 4 anos de trabalho. Agora adquirindo um equipamento de 16 canais, vai ampliar a produção, incluindo gravações de artistas já com muita popularidade, mas que ainda não fizeram LPs individuais. Um dos primeiros a gravar será Leopoldo Rassier, 50 anos, gaúcho de Campinas. Defendendo "Agora!", na Seara, Rassier saiu ao menos com um troféu: o de melhor indumentária. xxx Quando assessorou Henrique Dias de Freitas Lima (promotor público, poeta e nativista, presidente da I Califórnia da Canção), na elaboração do regulamento do festival que deslanchou todo o movimento nativista e folclorista Paixão Côrtes foi muito feliz em criando uma série de divisões, de maneira a possibilitar premiações específicas. Assim, há linhas agrupando os diversos gêneros. Na Seara, em Carazinho, "Santa Helena da Serra" venceu na categoria contemporânea e obteve também o grande prêmio, mas as duas outras músicas mais aplaudidas também tiveram classificações especiais: a guarânia "Benquerença", na categoria nativista, e o divertido contrapasso "Baile do Rengo", na categoria galponeira. Música de harmonização vanguardista, que corria, inclusive, o risco de ser vaiada, a bela "Miraguaí", de autoria de Carlos Leandro Cachoeira/ Vinícius Vrun/ Sérgio Jacaré (este, vencedor de vários festivais), não só foi aplaudidíssima, apesar de suas inovações, como obteve o prêmio de melhor arranjo. xxx Os exemplos dos festivais nativistas deveriam ser observados pelos idealistas animadores culturais, que, com inúmeras dificuldades, tentam realizar festivais de música no Paraná. Se no Rio Grande do Sul os eventos conseguem uma natural seqüência, repercussão e excelente cobertura (a Seara transmitidas através de 14 emissoras, inclusive a Guaíba, de Porto Alegre, além de transmissões pela TV e um compacto a ser apresentado também no Paraná), isso se deve à continuidade, à organização e ao estímulo com que são promovidos. Mais que os aplausos durante os dias dos festivais, ficam os resultados plantados, através de gravações (o disco da Seara sairá nas próximas semanas), uma abertura do mercado profissional para músicos e intérpretes, e, agora, também com eventos paralelos, como acontece em Uruguaiana e Carazinho. Promoções realizadas na maioria das vezes sem qualquer apoio ou subvenção oficial, são um exemplo de participação comunitária, conforme registraremos, com mais vagar, em próximo comentário. LEGENDA FOTO 1 : José Américo Xavier, compositor de Carazinho, também abordou a temática rural na composição "Paz nos campos", LEGENDA FOTO 2 : Sérgio Jacaré, premiado em vários festivais, apresentou a música mais avançada da Seara: "Miraguaí". Ganhou como melhor arranjo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
16/11/1985

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