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Aramis

Oscar, um Cinquentão Desejado

Na segunda-feira, dia 9, cerca de 400 milhões de telespectadores, em mais de 30 países, estarão acompanhando, via tv, a cores, a maior festa da indústria cinematográfica: diretamente do avilhão Dorothy Chandler no Los Angeles Music Center, Califórnia, haverá a transmissão, via satélite, para todos os países interessados em receberem as imagens, a entrega dos Oscars aos melhores do cinema em 1978 - dentro dos critérios estabelecidos pela Academia de Arte e Ciências Cinematográficas de Hollywood, fundada em 1927, e que em solenidades públicas vem sendo outorgada a partir de 1929. Embora em 1927/28, já tenham sido atribuídos os primeiros 14 Oscars - "Asas" de Willian Wellman, como filme, Lewis Milestone como diretor, Janet Gaynor como atriz, Emil Janings, ator Hecht como roteirista, entre os nomes mais conhecidos - só a partir de 1929 - portanto há 50 anos, a solenidade passou a ser festiva. A primeira festa ocorreu a 16 de maio de 1929, no Hollywood Roosevelt Hotel, mas no ano seguinte, já era transmitida pelo rádio e realizava-se em abril. Ao longo de 50 anos, a festa só cresceu: novas categorias foram criadas - hoje são 21, incluindo-se as especiais - Irving Thalbert (1899-1936_, criada em 1937, para distinguir os produtores e o Jean Hersholt (1886-1956), em referência ao ator que durante 18 anos teve uma destacada participação na vida filantrópica de Hollywood. Outras categorias - como coreografia e assistência de direção duraram poucos anos, outras - como fotografia e direção de arte (cenografia) dividiram-se em certa época em preto-e-branco e cores, mas hoje, com a totalidade dos filmes rodados em cores (a não ser exceções, como "A Última Sessão de Cinema", 1971, de Payer Bogdanovich) também desapareceram. O Oscar, medindo cerca de 34 centímetros de ouro, confecionado em bronze e recoberto de ouro - conforme desenho de Cedric Gibbons (1895-1960) - tem o valor real de pouco mais de US$ 100 dólares, mas é a consagração para qualquer artista, técnico ou produtor, sendo um importante fator para o sucesso de bilheteria de filmes mesmo os mais modestos. Toda uma extensa literatura existe a respeito do Oscar, inclusive com o levantamento de todos os filmes, atores (atrizes), diretores, roteirista, técnico etc. indicado - a partir de 1944 - em número de 5, num processo que se estende por vários meses. Inicialmente, todos os membros da Academia - hoje ao redor de 4 mil pessoas - votam no melhor filme, entre todos os que foram lançados em Los Angeles até o final de dezembro, incluindo (a partir de 1947 as produções estrangeiras) - sendo que, entretanto, numa primeira etapa - cada membro da Academia vota numa categoria - os interpretes para melhor atores e atrizes (principal e coadjuvante), fotografo para fotografo, diretor para diretor etc. - enquanto as premiações especiais são outorgadas por uma junta especial, incluindo os ex-presidente da Academia. Depois, numa segunda etapa, é que há a votação final - com os resultados mantidos em segredo até a hora em quem, numa festa luxuosa, com múltiplos requintes e atrações - e presente a um público que normalmente inclui todos indicados - convidados especiais, e mestre-de-cerimônia dos mais famosos - durante anos Bob Hope era o grande condutor da festa - fazendo blaques, muitas de compreensão apenas do público americano, vão fazendo as chamadas, sendo projetadas numa tela gigantesca cenas dos filmes indicados (ou pelos quais os artistas e técnicos mereceram a indicação) até que o envelope é aberto e sai a frase: "The winner is...". Ás vezes a emoção, o agradecimento puro e simples, nos últimos anos a contestação - como fez a índia Sioux que Marlon Brando mandou em seu lugar, ou o protesto político de Vanessa Regrave, melhor coadjuvante-78 ("Julia"), que irritou alguns elementos mais conservadores. Intercalados as premiações, vão sendo apresentadas as cinco músicas-temas que disputam o Oscar, apresentadas de forma belíssima. Este ano, durante a festa - cuja transmissão para o Brasil (Rede Globo de Televisão) inicia a meia-noite e se estenderá, forçosamente, até às 3 horas - serão ouvidas jas canções "Hoplolessly Devoted To You" (John Farrar) do filme "Grase" Nos Tempos da Brilhantina" (um dos maiores sucessos de bilheteria em 78, segunda produção de Robert Stigwood na linha discotheque), "Last Dance" de Paul Japara do filme "Até Que Enfim é Sexta-feira" (Thank`s God It`s Friday Robert Klane, em 2o semana. Cine Astor); "The Last Time I Felt Like This"(Marvim Hamlisch. Marilyn e Alan Bergman) do filme "Tudo Bem. No Ano Que Vem" (Same Time/Next Year), "Ready To Take A Chance Again" de Charles Fox e Norman Gimbel, do filme "Full Play" e "When You`re Love" (Richard/ Robert Sherman) do "The Magic Of Lassie"- estes três filmes ainda inéditos no Brasil, como a maioria das demais produções indicadas, aguardando a possibilidade de uma premiação para serem lançados. Aliás, hoje a estratégia de marketing faz com que haja uma intensa campanha publicitária nos jornais e revistas americanos - especialmente "Variety", a bíblia da indústria de diversões dos EUA - sobre os membros da Academia. Entre a dadta em que são anunciadas os 5 "nominations" em cada categoria - até o momento em que é revelado o vencedor - ou vencedores, no caso de trabalho de equipe (principalmente na área técnica: efeitos especiais, fotografia, roteiro etc.). "Superman", a superprodução da Warner, em exibição nos cines Vitória e Bristo, apesar de todo o merchandesing que foi feito em cima deste filme só conseguiu uma indicação na categoria de montagem (Stuart Baird). Dos filmes com maior número de indicação - "O Céu Pode Esperar" (Heaven Can Wait), incluído em nove categorias, produção de Warrer Beatty, também co-roteirista ( com Aliane May) e co-diretor (com Buck Henry) e que valeu além de indicações nestas categorias, ainda a de melhor ator (Jack Warden) e atriz (Dyan Cannon) coadjuvante - já está em exibição. Desde ontem, no Condor, o que lhe valerá - pelas premiações que por certo conseguirá uma permanência de várias semanas, já que disputa - com "Amargo Retorno" (Coming Home, de Hal Ashby, programado para suceder a "Até Que Enfim é Sexta-Feira" no Astor). "Franco Atirador", "O Expresso da Meia Noite" e "Uma Mulher Descansada"- todos os lançamentos já ocorrido (ou a ocorrer) nas principais capitais brasileiras - o troféu maior: melhor filme do ano. A United Artists conseguiu nada menos que 23 indicações ao Oscar: "Amargo Retorno" em 8 categorias (filme, diretor: Hal Hasmbj); ator: John Vogt; atriz: Jane Fonda: ator e atriz coadjuvante: Bruce Dern e Penelope Milford; roteiro: Waldo Salt/Robert Jones) e montagem. "O Franco Atirador" ( The Deer Hunter) - empatando com "O Céu Pode Esperar" (da Paramount) teve 9 indicações: filme, diretor (o estreante Michael Cimino), atores principais e coadjuvante (Roberto de Niro/Chistopher Walken), atriz coadjuvante (Mery Streep), fotografia, montagem e som e roteiro original. "Interiores" (Interiors) - que substituirá a "Ewus" no Cinema 1, talvez já na próxima quinta-feira - poderá repetir o sucesso de "Noivo Nervoso" (Annie Hall) de Woody Allen, o grande premiado do ano passado (filme, diretor, roteiro, atriz e ator, mas que nem por isso compareceu a festa): ganhou indicações novamente a melhor direção (Woody Allen), atriz (Geraldine Page), atriz coadjuvante (Maureen Stapleton), roteiro original (Woody) e direção artística. Enfim, Oscar é tema para inúmeras páginas - mas o melhor mesmo será assistir a bela festa, na próxima segunda-feira, a apartir da meia-noite, e ficar aguardando os filmes para conferir se os membros da Academia acertaram, ou, como em tantos anos anteriores, cometeram injustiças. FOTO LEGENDA- Oscar FOTO LEGENDA1- Comodores em "Até Que Enfim é Sexta-feira".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
06/04/1979

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