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Aramis

Papagaiada (Opus Três)

A alada questão que há quatro meses pousou no Tribunal de Alçada já recebeu a penada do juiz Schiavon Puppi numa decisão que encerra, ao menos por enquanto, o vôo de um dos mais originais processos do ano. Como contamos (O ESTADO, 11/6/74) anteriormente, a decolagem da estória vem de muitos meses, de uma questão em que voaram muitas penas, entre dois moradores da cidade de Arapongas. O fazendeiro Rubens Pânico ao notar que seu papagaio de estimação havia desaparecido misteriosamente acusou o sr. Miguel Houatich, da mesma canora cidade, de que o idêntico papagaio que possuía bem poderia ser o seu. Entre muitas discussões, o juiz José Wanderley Rezende acabou nomeando como depositário da ave o sr. Bernardo, dono de uma confortável gaiola de aves na Rua do Tucano. Pesou bem a questão e acabou, frente a insuficiência de provas, absolvendo o réu. Pânico, velho amigo do [próspero] advogado londrinense Francisco Leite Chaves - que na mesma época começara a se tornar notícia com a sua escolha como candidato do MDB ao Senado - não teve dúvidas em apelar para o ativo defensor da lei, para que tentasse um recurso em entrância superior. O que foi feito, em longo arrazoado que deu entrada no Tribunal da Alçada e que ali recebeu o registro oficial de Apelação-Crime 168-74. Designado o Juiz Clementino Schiavon Puppi para relatar o processo, confirmou a decisão anterior do juiz José Wanderley Rezende, de Arapongas, isto é, não há provas que mostrem ser o papagaio de Miguel o mesmo que desapareceu da casa de Pânico. Francisco Leite Chaves, absorvido por sua oposicionista campanha, não gosta muito de falar a respeito, pois diz ter atendido o caso apenas em consideração à sua longa amizade com Rubens Pânico. E explica que se não recorresse dos termos em que o juiz Wanderley Rezende deu a sentença original, seu cliente poderia ser processado por falsa acusação, sujeito inclusive a pena de detenção além de pesada multa. O que pretende é, assim, uma modificação nos termos da sentença - e como ainda não tem conhecimento do despacho que o Tribunal de Alçada deu ao caso, está [à] espera para ver qual a providência a ser a tomada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
29/09/1974

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