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Aramis

A parceria do arquiteto com o comunista que deu prêmios

A união não deixa de ser curiosa: um arquiteto com 16 anos de vivência na área de planejamento urbano - Sérgio Póvoa Pires, 40 - associa-se a um advogado e ativíssimo militante comunista, desde 1981 próspero empresário do setor de relojoarias - Marcelo Jugend, 41 anos - para formar uma [grife] sofisticada na produção de jóias destinadas a um público da alta burguesia. No próximo dia 28, num dos mais caros restaurantes da capital paulista - o Leopoldo's - haverá o lançamento do catálogo da coleção 92 da [De Beers] - a Design Forum Collection - que reúne os vencedores do mais importante concurso de jóias diamante do país. E o Paraná, pela primeira vez, entra neste circuito, com jóias criadas pelo arquiteto Sérgio Pires, um dos finalistas do Designer Forum. Entre 61 designers e, entre os 10 vencedores, Sérgio é o único homem a chegar a este pódium e o seu projeto premiado já foi transformado em jóia pela Relojoaria Progresso, de propriedade do seu amigo Marcelo Jugend, que entusiasmado com os trabalhos do arquiteto se dispôs a financiar um Centro de Design de Jóias, que além de formar profissionais, "também vai dar espaço para outros designers que possam produzir para a empresa". Marcelo Jugend explica o motivo do entusiasmo. "Não existe no Paraná jóias exclusivas valorizadas pela [griffe] de quem as desenhou. xxx Filho de um dos pioneiros da profissão no Paraná - Gilberto de Abreu Pires, 68 anos, curriculum dos mais extensos e que incluiu passagens pela chefia da comunicação do governo Geisel, o arquiteto Sérgio Pires, da turma de 1976 da [UFP] tem um extenso curriculum de atividades no Ippuc - onde, trabalhando no setor de Comunicação Visual, desenvolveu projetos nas áreas de sistema viário, transporte, equipamentos urbanos, meio ambiente, etc. Na Alemanha, fez cursos de especialização e chegou a trabalhar na Prefeitura de Colônia. Identificado ao setor Histórico de Curitiba, foi autor de projetos para a revitalização de Santa Felicidade, do Setor Histórico de Curitiba, da implantação do bosque João Paulo II, da "Vilinha', além de propostas de reciclagem de vários conjuntos artísticos. Nos últimos 10 anos, Sérgio paralelamente a arquitetura e ao planejamento urbano - foi administrador regional da Freguesia do Matriz e um dos autores da pioneira proposta de implantar a Nomenclatura Urbana para deficientes Visuais (na administração Roberto Requião), sugerindo, posteriormente à Presidência da República, a adoção de inscrições em Braile nas cédulas e moedas brasileiras. Atraído pelas artes plásticas, começou a desenvolver trabalhos em aquarela e, posteriormente ao desenho de jóias - que o conduzira a premiação no concurso patrocinado pela [Da Beers] - maior produtora de diamantes do mundo e detentora de 80% de seu monopólio. O julgamento foi em Tóquio e o desenho, transformado em jóia (no valor de US$ 10 mil) integra o Design Forum Collection 92. xxx Marcelo Jugend, que hoje em sua face capitalista, como empresário do grupo Progresso, financia o Centro de Design de Jóias, tem uma longa trajetória na luta política, iniciada em seus tempos de estudante, quando também fazia teatro amador no Centro Israelita. Militante do PC, deixou a clandestinidade quando o partido foi legalizado e por esta sigla que assustava tanto disputou, quase que num sentido simbólico, a Prefeitura de Curitiba (85) e, posteriormente uma cadeira no Legislativo (86). Durante 2 anos, foi assessor do único deputado eleito pelo PC no Paraná, Márcio Almeida, mantendo atividades de advocacia trabalhista e, nos últimos 11 anos, como executivo da relojoaria herdada de sua família. Agora, amplia seus negócios para a sofisticação das jóias personalizadas, na associação com Pires. LEGENDA FOTO 1 Sérgio Pires, do planejamento urbano ao [designer] de jóias em diamante. LEGENDA FOTO 2 Jugend, da clandestinidade do PC à fabricação de jóias para a burguesia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
11/04/1992

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