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Paulinho da Viola, a arte de ser o melhor da música

Entre tantos programas musicais que tem inundado Curitiba nas últimas semanas, um que adquire especial significado é a apresentação de Paulinho da Viola & Christina (de hoje a domingo, Paiol, 21h), com a participação de um grupo de instrumentistas do melhor nível. Há quase 5 anos sem se apresentar em palcos curitibanos, Paulinho da Viola (Paulo César Baptista Faria), 48 anos completados no último dia 12 de novembro, há muito que transcende a classificação de "sambista". Apesar de toda sua autenticidade e veneração ao gênero mais conhecido de nossa MPB, a sensibilidade e lucidez de Paulinho o fez trilhar caminhos muito próprios, desenvolvendo um trabalho poético e harmonioso que se ombreia ao que de melhor existe em outros estilos. Filho de uma família classe média (seu pai, o violonista César Faria, 70 anos, além de músico era escrivão judiciário, o que lhe deu sempre uma boa renda), habituado na infância a ouvir o choro com o Época de Ouro e Jacob do Bandolim - grupo do qual César fazia parte - com boa formação cultural, Paulinho chegou ao profissionalismo com um preparo intelectual esmerado. Hermínio Bello de Carvalho - que aliás, está na cidade desde ontem e na noite de hoje deverá estar na platéia do Paiol - soube valorizar o talento de Paulinho e outros sambistas que, na época eram ainda pouco conhecidos (Elto Medeiros, Nelson Sargento, Oscarzinho, etc.) ao chamá-los para o lado de Clementina de Jesus e Aracy Cortes, participarem do musical "Rosa de Ouro". Tendo construído uma carreira da maior solidez, Paulinho pode se orgulhar de tudo que fez: seus shows - seja em teatros, sejam os mais improvisados, em clubes e outros espaços - e, especialmente, sua discografia, que é merecedora de nota dez. Não foi sem razão que após cinco anos sem gravar, ao retornar em elepê no final de 1981, com o melhor disco do ano, mereceu a consagração de levar sete prêmios no Troféu Sharp de Música. Generosamente, Paulinho divide seu show neste fim de semana com outra artista admirável, Christina (Buarque de Holanda, ilustre sobrenome que evita usar artisticamente), também uma apaixonada pelo samba e que tem uma discografia significativa. Na primeira parte do espetáculo, em composições mais intimistas, Paulinho estará em duo com o pianista Helius Vilela. Na segunda parte, um grupo excelente - o magnífico César Faria em seu violão de 7 cordas, Dininho no baixo, Hércules na bateria e mais Ricardo Costa, Celsinho e Cabelinho na percussão. xxx Hermínio Bello de Carvalho está na cidade com uma nobre responsabilidade: montar uma série de sete programas em homenagem a Noel Medeiros Rosa, cujo 90º aniversário de nascimento transcorre no próximo dia 11, terça-feira. Atento como sempre, Hermínio não deixaria esta data redonda passar esquecida e embora limitada a uma simples programação na Rádio Estadual, está trabalhando para fazer uma série maravilhosa - como aliás tudo que tem a sua griffe. A propósito: segunda-feira última, Hermínio assumiu a cadeira no conselho consultivo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na mesma sessão em que Antônio Carlos Jobim foi diplomado como Doutor Honoris Causa. A saudação que Hermínio fez ao maior compositor brasileiro, num texto de 14 páginas, emocionou a Tom e entusiasmou o reitor da universidade, que vai editá-lo em forma de livreto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
07/12/1990

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