Pesquisa revela maior grupo de pintura rupestre no Sul
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de julho de 1992
Pesquisadores do Museu Paranaense, após trabalho iniciado há quatro meses, revelam a descoberta do "maior conjunto de pinturas rupestres no Sul do Brasil", segundo a arqueóloga Cláudia Parellada, coordenadora da equipe. Ela diz que foram encontrados vestígios de ocupação que datam de cerca de quatro mil anos.
A maior concentração de pinturas rupestres foi localizada no Morro Azul, a dez quilômetros da sede do município de Ventania, pequena cidade próxima a Piraí do Sul e Telêmaco Borba.
"Existem no Estado muitos sítios relacionados aos Caingangues, mas que não se conservaram por estarem a céu aberto", explica. No Morro Azul, ao contrário, as condições para pesquisa são bastante favoráveis. Em 500 metros de extensão, o morro guarda uma série de cavernas e abrigos com enorme quantidade de vestígios arqueológicos. A maior delas tem cem metros de comprimento e cinqüenta de largura, com uma entrada de 15 metros de altura. Além disso, a parte habitada, voltada para o Leste, é completamente seca e ensolarada.
Dos povos que habitaram o local, ficou grande quantidade de pinturas, provavelmente feitas com carvão e óxido de ferro e fixadas com óleos vegetais. São formas humanas e animais, possivelmente de povos caçadores, e figuras geométricas, atribuídas aos ancestrais dos Caingangues.
Enquanto essas descobertas ainda estão em fase de pesquisa, sendo prematuro estimar-se idade e origem dos achados, sem confirmações laboratoriais e confrontações, o Museu Paranaense mostra como viviam os primeiros habitantes do Paraná na exposição "Pré-História dos Municípios de Sengés, Jaguariaíva e Cerro", aberta até o mês de outubro, reunindo artefatos de pedra, lâminas de machado polidas e lascadas, polidores, raspadores, material cerâmico reconstituído de urnas Guarani e vasilhames da Tradição Itararé. Também foi possível reunir exemplos da dieta alimentar dessas populações pré-históricas.
Atualmente são conhecidos nove sítios arqueológicos em Sengés, oito em Cerro Azul e quatro em Jaguariaíva. Nesses locais, os pesquisadores do museu encontraram cavernas e abrigos com pinturas rupestres, representando o Sol e outras figuras geométricas, que estão sendo mostradas em painéis fotográficos.
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