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Aramis

Pesquisas e estudos nas margens do lago

Em maio de 1985, quando o ex-governador Ney Braga assumiu a presidência da Itaipu, haviam apenas duas máquinas instaladas (1.400.000 Kv) e supria menos de 5,0% da energia que era consumida nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Hoje Itaipu tem 15 máquinas funcionando, totalizando 10.500.000 Kv instaladas e suprindo sozinha 28% de todo o consumo das regiões Sul/Sudeste. Desde sua concepção, Itaipu tem um plano de conservação ambiental. Mas foi nos últimos 5 anos que essas atividades foram incrementadas. A margem brasileira do lago está sendo reflorestada tanto para protegê-lo, suas águas e seus peixes, da ação dos agrotóxicos das lavouras vizinhas, como para proteger as lavouras da ação dos ventos e neblina do lago. Trata-se de reflorestamento com mudas nativas e frutíferas, visando recriar o ambiente natural para a fauna. São 20 milhões de mudas, das quais 16 milhões já foram plantadas. Há três anos foi instalado o primeiro Ecomuseu da América Latina, destinado a difundir, com a participação da comunidade, condutas ambientalistas e reviver a cultura regional. A ictiofarma também tem merecido atenção especial através do estudo do comportamento dos peixes a partir do surgimento do lago. São trabalhos de laboratório e de campo, conduzidos através de convênio com a Universidade Estadual de Maringá. A recente criação da UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste, veio distribuir cursos específicos pelas faculdades existentes em Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo e Marechal Cândido Rondon, evitando a duplicidade de esforços. Em princípio, a distribuição contemplaria Foz com cursos voltados para a área de hotelaria e informática; Toledo, com cursos na área de engenharia de alimentos) aproveitando a tipologia produtiva e industrial já instalada do município); em Marechal Cândido Rondon, cursos da área da agronomia e, em Cascavel, cursos na área de saúde, potencializando o uso do Hospital Geral ali concluído há alguns meses. Para o futuro, se pensa em cursos superiores na área de turismo para Guaíra e Foz do Iguaçu. O orçamento da FuniOeste para 1990 é de NCz$ 108 milhões, dos quais 35% para investimentos. Assim, entre as propostas feitas no projeto de Itaipu está a associação da universidade ao potencial da região, dando a instituição um caráter não apenas acadêmico mas também de fornecedor e preparador de mão-de-obra diretamente articulada com as necessidades locais. Por suas características tão peculiares e em decorrência da natural preocupação da Itaipu Binacional com a qualidade de água de seu reservatório de 1.350 km2, a região lindeira ao lago se presta para sediar entidades de pesquisas e capacitação em estudos ambientais. Os núcleos urbanos a beira-lago podem perfeitamente ser desenhados dentro dessa preocupação de centros de treinamento e capacitação, estações experimentais e outras atividades voltadas para um aproveitamento racional e eficiente do meio ambiente, respeitadas as condicionantes ecológicas, dentro de uma ótica de preservação dos recursos naturais renováveis. Essa mesma preocupação deve levar ao desenvolvimento de projetos integrados, envolvendo açudes, irrigação, tratamento de microbacias, abastecedouros comunitários, etc. A Itaipu, na gestão Ney Braga, além da criação do Ecomuseu, preocupou-se também com a reprodução em cativeiro de aves e animais ameaçados de extinção, com o fim de repovoar as matas com essas espécies, assegurando-lhes condições de vida. Visando o povoamento com espécies de boa qualidade e em volume abundante para a pesca desportiva e, principalmente, a comercial que é praticada nas várias colônias de pescadores que se instalaram, mais intensamente, nos últimos 5 anos, na margem brasileira, a Itaipu tem se voltado para as questões da piscicultura. E a vigilância para o controle da qualidade de sua águas, tanto para a vida aquática como para o consumo humano, fez a Itaipu ampliar convênios com a Surehma. Atualmente, está em fase de implantação um novo convênio com a Sanepar de Foz do Iguaçu, para a captação de água do reservatório, evitando a anunciada crise de racionamento naquela cidade. Aproveitando-se a extensão aquática do lago e a tradição da colônia de pescadores em Guaíra, outra proposta é o incremento nas atividades de pesquisa pesqueira, visando uma diversificação da economia pela piscicultura e outras hidroculturas polarizadas por Guaíra. A Itaipu já desenvolve projeto de tanques-rede em Foz do Iguaçu que poderão ser ampliados. Outra idéia complementando o relacionamento ensino-produção é a promoção de seminários volantes para o aperfeiçoamento de técnicos e profissionais de nível médio. Em cada cidade, de acordo com uma programação desenvolvida com o comércio, indústria e serviços locais serão organizados cursos de capacitação ou aperfeiçoamento para mecânicos, técnicos agrícolas, auxiliares de atividades turísticas e hoteleiras etc. Uma indústria de estaleiros poderá ser desenvolvida em determinados municípios, ao menos para manutenção e reparos dos barcos que já começam a transitar pelo lago. Com a inauguração da Marina em Guaíra o número de embarcações, especialmente de lazer, deverá ser ampliado. Dentro das sugestões para a futura ação consorciada, com a preocupação de preservação ambiental, também estão sendo propostas para programas de destinação final dos resíduos sólidos domésticos por meio de usinas economicamente rentáveis. O exemplo do que se desenvolve em Araucária é lembrado na proposta dos consultores de Itaipu que citaram também o estudo elaborado pela Universidade de Maringá, em outubro de 1988, para a Prefeitura de Medianeira, num anteprojeto de viabilidade técnica e econômico-financeira para a implantação de uma unidade processadora de resíduos sólidos urbanos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
07/02/1990

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