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Aramis

Piano-bares desta cidade sem portas

Mais do que (apenas) um novo endereço da boêmia etílica da noite curitibana, o Meio Fio, que quatro jovens e bem sucedidos empresários abriram na sexta-feira, é a confirmação de que apesar da bebida entrar na relação do supérfluos e os tempos estarem cada vez mais bicudos, no Brasil-81, como nos Estados Unidos pós a crack de Wall Strett, em 1929, beber (ou vender bebida) é ainda um bom negócio. Haja vista o número de piano-bar que estão aparecendo, com relativo êxito, em Curitiba. Nas antigas instalações da Queijos & Vinhos, no porão da Fundação Cultural - e que nos últimos anos estava praticamente desativada, aparece agora um piano-bar com criativa decoração realizada pelo arquiteto Alexandre Karcinski, o que somado ao excelente relacionamento dos proprietários da casa (entre eles, o colunista Cláudio Manoel da Costa), poderá garantir sua inclusão entre os bares-da-moda, capazes de terem uma freguesia alegre, descontraída e, sobretudo, bonita e perfumada - na área feminina, todas as noites, a partir do entardecer "e até que saia o último freguês". xxx O Hipokampus, outro piano bar, nas proximidades da Universidade Federal, tem também uma freguesia nesta faixa, enquanto na Avenida Visconde de Guarapuava, ao lado do Mercado Municipal, um terceiro piano-bar tenta, até agora em êxito, se implantar. Também a iniciativa de reservar o último andar do prédio da Schaffer para um sofisticado piano-bar não funcionou até agora: o alto preço exibido pela URBS desanimou os primeiros interessados e o comerciante Aguilar Silva, dono de uma auto-escola e de uma loja de sucos, que, finalmente, se decidiu pelo ramo, até agora ainda não pode (ou quis) completá-lo. Em outro extremo, contrapondo a sofisticação dos piano-bar com ambientes despojados, mas reunindo faixas jovens, há endereços curiosos como o "Bond de Bar/Bond de ler", do jornalista Cesar Bond, na galeria Mild, ou o Bar Bar Brasil", que tem atraído a fauna artística da cidade. São endereços que passam, muitas vezes, desapercebidos nos roteiros turísticos, mas que ajudam a se entender melhor esta Cidade Sem Portas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
06/12/1981

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