Login do usuário

Aramis

Prepotência e assalto à mão armada no Paiol

Um documentário destinado ao banco de dados da Associação de Pesquisadores da Música Popular Brasileira sobre o compositor-intérprete Luiz Gonzaga Júnior - com autorização formal do autor - foi impossibilitado de ser realizado na noite de sábado, 20, devido a intolerância e grosseria da diretora de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba, assistente social Celise Niero. Impedindo a entrada do cinegrafista Rafael Brenner e Silva, a diretora da FUCUCU, mesmo sendo informada, momentos antes, pelo empresário de Gonzaguinha, advogado Renato Costa, de que a filmagem havia sido previamente autorizada, acabou provocando, indiretamente, que o cinegrafista sofresse um assalto a menos de 150 metros do Teatro Paiol. Isto porque além de impedir sua entrada no teatro, a assistente social Niero, recusou-se também chamar a administradora daquela sala, Sra. Patrícia Deffés - mentirosamente alegando que a mesma não se encontrava no local - quando ela ali estava. Também não permitiu que o cinegrafista Rafael Brenner e Silva pudesse fazer contato com o coordenador da filmagem, que o aguardava e que, obviamente, procuraria uma solução. Assim, o cinegrafista foi obrigado a se afastar do Paiol e procurar um telefone nas redondezas para solicitar um táxi (já que inexiste ponto defronte ao teatro) - e retornar ao centro, quando quatro marginais, fortemente armados, o cercaram, despojando-o de seu equipamento, e mais uma máquina fotográfica, relógio e dinheiro. Só quando Rafael Brenner e Silva retornou ao Paiol para pedir ajuda - naturalmente assustado e chocado com a violência que acabara de sofrer - foi que pode adentrar ao teatro e chamar pessoas amigas. Então, tentando redimir-se da situação que havia causado, a diretora da FUCUCU, se propôs a acompanhá-lo à Delegacia de Furtos e Roubos, no bairro do Capanema, onde que a queixa do assalto foi registrada. xxx O episódio que resultou em elevado prejuízo material, veio expor a fragilidade na segurança da área em que funciona o Teatro Paiol. Já por várias vezes o diretor da Polícia Civil, advogado e ex-vereador José Maria Corrêa, procurou mostrar ao prefeito Jaime Lerner a necessidade de que alguns elementos da Guarda Municipal auxiliem na segurança do teatro na Praça Guido Viaro - local em que tem ocorrido assaltos a pessoas e, especialmente, roubos de veículos. Tendo sido implantada na excelente administração municipal de Roberto Requião - do qual José Maria Corrêa foi chefe-de-gabinete e um dos responsáveis por sua criação - a Guarda Municipal deveria zelar pelo próprio município, protegendo o público que deles se utiliza. Infelizmente, nunca se viu um guarda municipal nas imediações do Teatro Paiol - o qual, é constantemente cercado de marginais, que, inclusive, tem assustado e afastado o público. xxx Ao impedir o acesso ao teatro de um cinegrafista, que havia recebido autorização do artista para registrar em vídeo o seu espetáculo, a diretora da Fundação já deu mostra de um autoritarismo e incompreensão para com uma atividade cultural. Entretanto, o mais grave foi ter se recusado a permitir que o mesmo sequer se comunicasse com pessoas que se encontravam no interior do teatro, que poderiam evitar que, ao se afastar em busca de um local para telefonar, fosse assaltado - tendo sua vida, inclusive, ameaçada por marginais. xxx Fundada em Curitiba, em 1º de março de 1975, a Associação dos Pesquisadores de Música Popular Brasileira, procura, através de seus associados, reunir material documental sobre personalidades da música brasileira. Luiz Gonzaga Jr., que classifica como um novo reinicio o espetáculo-solo que aqui apresentou no último fim de semana, não só autorizou a filmagem de seu espetáculo como enalteceu a iniciativa que a instituição, com investimentos de seus membros, realiza para salvaguardar a nossa memória. Dezenas de outros nomes da maior expressão musical já tiveram depoimentos, em áudio e vídeo, gravados pela Associação, incluindo os shows que apresentam, pois reconhecem o importante trabalho exclusivamente cultural, que busca preservar várias fases da nossa vida artística. Material este, aliás, que já foi utilizado em pesquisas, livros e mesmo especiais sobre compositores, intérpretes e instrumentistas que aqui tiveram registrados momentos importantes de suas carreiras. A FUCUCU, através de atitude grosseira de uma diretora despreparada para a função que ocupa, ao mesmo tempo em que prejudicou um trabalho idealista, sem fins lucrativos, ainda provocou que, um equipamento de alto valor fosse roubado a poucos passos de um espaço que, criado há 20 anos com nobres finalidades e destinado a se tornar um símbolo cultural de Curitiba, vem sofrendo um processo de esvaziamento. Prova disto é que a biblioteca Augusto Stresser, inaugurada em 1972, foi desativada e fechada há anos. Com isto, o bairro - que utiliza a biblioteca (que chegou a manter uma boa programação destinada a crianças e adolescentes) ficou prejudicado. A família Stresser até hoje não entende a razão pela qual o município desinteressou-se de manter aquela unidade cultural que homenageava um dos nomes marcantes de nossa vida musical dos anos 20/30.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
23/04/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br