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Aramis

Quartetos de Cordas

Dois magníficos quartetos de cordas - entre os melhores do mundo - em produções recentes e indispensáveis a quem aprecia a música clássica. De princípio temos o internacional Quarteto Amadeus, fundado há 38 anos em Londres e cujas interpretações distinguem-se por um som homogêneo e grande segurança técnica. Foi em janeiro de 1948 que Norbert Brainin (violino), Siegmund Nissel (violino), Peter Schidlof (vila) e Martin Lovett (cello) deram o seu concerto de estréia com o nome de Quarteto Amadeus na Wigmore Hall de Londres. As dificuldades para que qualquer quarteto de cordas dure tanto tempo sem alteração de participantes devem ser enormes e ainda recentemente um maravilhoso filme italiano ("Quarteto Basileus") mostrou as dificuldades de sobrevivência de um grupo de cordas após o falecimento de um de seus integrantes. Felizmente, os quatro membros do Amadeus continuam com ótima saúde e distribuindo sua musicalidade maravilhosa em gravações como esta, feita ao vivo, na mesma Wigmore Hall, em 25 de janeiro de 1983, com duas peças muito especiais: "Quarteto de cordas em dó maior, opus 59 nº3" de Ludwig Van Beethoven (1770-1829) e o 'Quarteto de cordas em ré menor, opus 76, nº2' ("Quintas") de Joseph Haydn (1732-1809). Com toda razão o musicólogo Daniel Snowman lembra que "quem quer que imagine que o Quarteto Amadeus possa soar cansado ou exaurido, que sua execução seja rotineira depois de tantos anos tocando juntos, deve ouvir esta gravação feita no concerto do 35º aniversário do Quarteto na própria sala em que o grupo estreou. Nessa ocasião o Amadeus tocou como sempre faz - como se suas vidas dependesse disso...". Outro magnífico quarteto de cordas - embora não tão antigo quanto o Amadeus - é o Orlando Quartet, também com um novo disco na praça (Philips/Digital), interpretando peças de Claude Debussy (1862-1918) e Maurice Ravel (1875-1937). Uma observação importante feita por Max Harrison; Debussy e Ravel não escreveram muita música de Câmara, e talvez inteiramente por sorte tenhamos os dois quartetos agora gravados pelo Orlando Quartet, formado por István Párkáyi (violino), Heinz Oberdorfer (violino), Ferdinand Erblich (viola) e Stefan Metz (violoncelo). Um decênio separa o Quarteto de cordas em sol menor, opus 10 de Debussy do Quarteto de cordas em fá maior de Ravel - o primeiro tendo suas origens em 1983, o segundo em 1902-1903 e embora o de Ravel tenha sido composto em uma época em que ele estava influenciado por Debussy, estas obras são fundamentalmente diferentes. Mas existem, inevitavelmente, certas ligações ou, pelo menos, paralelos, pois que nem um nem outro autor escrevia nessa etapa de sua carreira obras que fossem nascidas dos recursos técnicos da música. Ambos contribuíram, preferentemente, para fazer a música sair de seu mundo isolado, levando-a a uma atmosfera mais ampla, onde ela se relacionava com as outras artes. Oportunidade especial esta que a Polygram oferece do público ouvir (e confrontar) dois dos mais perfeitos quartetos de cordas contemporâneos, em registros digitais, perfeitos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
21
24/02/1985

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