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Aramis

Quatro estréias para público diferentes

Quatro estréias - variando desde mais um caça-níquel com o halterofilista Arnold Schwarzenegger ("Jogo Bruto", Plaza) até um lançamento nacional up to date, que chegou tão quente, que já está em cartaz desde quarta-feira no Condor: "A Difícl Arte de Amar" (Heartburn), de Mike Nichols - com os dois mais famosos astros do cinema americano da atualidade - Meryl Streep e Jack Nicholson. Tem ainda Bo Derek, num medíocre filme dirigido por seu marido - "Bolero" e uma fraquíssima fita brasileira, "Tensão no Rio", o maior fracasso no festival de cinema de Gramado há dois anos. Para compensar a mediocridade de "Tensão no Rio" - e mostrar que o cinema brasileiro está em alta - teremos na próxima semana a aguardada estréia de "Sonho Sem Fim", o belo filme de Lauro Escorel - biografia romanceada do pioneiro do cinema gaúcho, Edurado Abelim, e "O Homem da Capa Preta", o ótimo filme de Sergio Rezende, este estreando no dia 4 de dezembro. Jornalismo & Infidelidade Na semana passada já falamos, detalhadamente, da importância de Mike Nichols, 55 anos, 20 de cinema (estreou em 66, com a transposição a tela da peça "Quem tem Medo de Virgínia Woolf?", de Edward Albee) no cinema americano. Seu penúltimo filme, "Heartburn", que partindo do romance de Nora Ephron (a mesma autora do corajoso "Silkwood", também por ele filmado) aborda um tema atualíssimo: a visão, com pouco disfarce, dos conflitos amorosos de Bob Woodwar, que junto com Carl Bernstein, denunciou a trama de Watergate, levando Richard Nixon a renunciar à presidência dos Estados Unidos. Além de um assunto atualíssimo - misturando as intrigas políticas de Washington com as confusões amorosas entre o famoso jornalista Mark Forman (Jack Nicholson) e sua esposa, Rachel Samstat (Meryl Streep) esta produção da UIP tem múltiplas atrações. A começar pela própria presença do casal Streep-Nicholson, já premiados com Oscars e que, talvez venham a disputar, novamente, os bonecos dourados por este filme. Os dois, aliás, estarão trabalhando em "Iroweed", o novo filme de Hector Babenco, com filmagens previstas para janeiro de 1987. o livro de William Kennedy, base do roteiro, já saiu no Brasil pela Alves ("Vernônica", 238 páginas). A fotografia é do mestre Nestor Almendros (Oscar d por "Cinzas no Paraíso"), a música de Carly Simon e no elenco estão outros bons intérpretes: Jeff Daniels (que Woody Allen lançou em "A Rosa Púrpura do Cairo"), Maureen Stapletton, Stockhard Channing, John Wood, entre outros. Enfim, um filme de visão obrigatória - a melhor estréia da semana. John Derek é o homem que sabe gigolotear as mais lindas mulheres. Quando era casado com a sueca Ursula Andress a fotografou nua para a revista "Playboy" e a dirigiu em alguns filmes. Agora, aproveita a plástica de sua atual esposa, Bo Derek - "A Mulher Nota 10" que na lente de Black Edwards tornou-se um sex-symbol desta década. Depois de medíocre versão erótica de "Tarzan, o Filho das Selvas", John Derek leva Bo às areias do deserto em "Bolero", produção da astuta dupla Golan-Globus, que há mutio já encontra-se a disposição em vídeo selado. Entretanto, quem curte estórias bocós tipo daquelas que Rodolfo Valentino estrelava nos anos 20 ("O Scheik", "O Gavião do Deserto" etc) mas com pitadas de erotismo, este "Bolero" pode até agradar - embora Bo Derek não tenha uma cena mais tórrida de amor. A trilha sonora de Peter Bernstein (filho do velho Elmer) não chega a aproveitar o gênero "Bolero" (que já foi também título-tema do filme de Claude Lelouch que no Brasil se chamou "Retratos da Vida"). No elenco de apoio, apenas um nome conhecido o veterano George Kennedy - ao lado de artistas como Andrea Occhipinti, Ana Obregon, Olívia D'Abo e outros desconhecidos. Para verificação de quem disponha de tempo sobrando... Jogo Bruto é, ao menos, um filme assumido. O diretor inglês John Irvin, que já realizou filmes sérios como "The Champions" e "The Turtle Diary" (com Glenda Jackson, representando a Inglaterra no FestRio-85), diz que desejava realizar uma fita de agrado do seu filho - ou seja, com perseguições, fechadas de carros, batidas e explosões. Assim, diz Irvin, "Raw Deal" é um filme "que volta aos tipos de filmes de ação e aventura, homenageando aqueles símbolos que marcaram minha infância" (sic). O esquema não poderia ser mais convencional: três assassinos liquidam em Chicago uma testemunha que possibilitaria ao FBI condenar ao mafioso Luigi Patrovita (Sam Wanamaker). Para enfrentar o poderoso chefão, tem que se buscar um super-tira, atualmente afastado do FBI devido seus métodos violentos Mark Kaminski, vivendo como xerife de uma cidade de Carolina do Norte. Claro que para interpretar este tira não poderia ser outro do que o halterofilista Arnold Schwarzenegger, que disputa com Sylvester Stallone e Chuck Norris, o troféu músculos/violência do cinema mais comercial americano. Depois de já ter sido Conan, o bárbaro, em duas aventuras e o "Exterminador do Futuro", além do cruel militar de "Comando", Schwarzenegger retoma um personagem que pouco se diferencia dos outros heróis (sic) por ele interpretados. Ou seja, a lei do olho por olho, dente por dente, que o público sequioso de sangue e brutalidade tanto aprecia. Afora o veterano Sam Wanamaker (ator em filmes como "Taras Bulba", "O Espião que Veio do Frio" etc) no elenco não há novidades - e a "mocinha" se chama Kathryn Harrold, que já apareceu em pontas de filmes como "Modern Romance", "J"Heartbreakers" e "Into the Night". As Reprises Como falar (mal) de "Tensão no Rio", de Gustavo Dahl é perda de tempo e desperdício de espaço - e quem quiser conferir, que vá ao cine Ritz - vamos às reprises da semana: no São João, em substituição a "Marvada Carne" - vista por 33.315 espectadores em cinco semanas - temos o relançamento de "Mensageiro de Satanás", de Eric Weston, com Clim Howard, R.G: Armstrong e Charles Tynner. No Groff, um excelente retorno: o bem humorado e atual "A Honra do Poderoso Prizzi" ("Prizzi's Honor"), de John Huston, com Jack Nicholson, Kathleen Turner e Angelica Huston (Oscar de melhor atriz coadjuvante-86). No Itália, substituindo ao lírico e belo "Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios", retorna o terrível "Canibal Holocausto", de Rugero Deodato, com músicas de Riz Ortolani - na mesma linha de "Mundo Cão". Asqueroso. Para compensar, há bons filmes que continuam em exibição. Entre eles, aquele que estará, com toda certeza entre os melhores: o magnífico "Hannah e suas irmãs", de Woody Allen (agora no cine Luz). No Astor, com boa bilheteria, continua até o dia 19, o belo sensual e marcante "Nove Semanas e meia de Amor", com o novo casal "sex symbol" americano - Kim Bassinger e Mickey Rourke. Nos cines Lido, programas esportivos: o box em "Rocky IV", em sua terceira reprise e o esqui sobre gelo em "Veia de Campeão", de Peter Merkif, com o garotão Rob Lowe - um dos novos astros da Hollywood dos anos 80. Na programação especial, o Groff exibe amanhã à meia noite e domingo as 10h30min, "Paris, Texas", de Wim Wenders - o lírico filme com Nastassia Kinski e Harry Dean Stanton e Dean Stockwell, enquanto no Luz teremos, na matinada de domingo, mais uma reprise de "Os Muppets Conquistam Nova Iorque".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
14
14/11/1986

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