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Aramis

As raízes de Stellinha

Aos 53 anos, completados dia 18 de julho do ano passado, a curitibana Stellinha Egg - que num levantamento imparcial foi a única paranaense a conseguir fazer uma carreira de relativo sucesso - tenta um reaparecimento artístico. Após o espetáculo que apresentou no Teatro do Paiol, no final do ano passado, dirigido por sua amiga Ruth Lauss, ex-crítica de artes plásticas, Stellinha gravou um interessante elepê, "Brasil, Suas Raízes Musicais", com uma dúzia de músicas folclóricas, Stellinha já tem mais de uma dezena de troféus e nos anos [cinqüenta], ao lado de seu marido, o mastro Lindolfo Baya, viajou longamente pela Europa - inclusive participando do Congresso de Folclore, realizado em Varsóvia. Nos últimos anos, esteve afastada das atividades profissionais, só fazendo, há 3 anos, um compacto duplo na Odeon, entre os quais se destacou a música tema da telenovela "Jerônimo, O Herói do Sertão". Este "Brasil, Suas Raízes Musicais" (RCA Victor, 107.179, Novembro/74, foi recebido com simpatia pelos críticos mais ligados à linha brasileira, com J. Ramos Tinhorão, geralmente ácido em seus comentários. Realmente, é um disco bonito, bem realizado, com seis músicas de Dorival Caymmi no lado A - "Noite de Temporal", "A Lenda do Abetê", "O Vento", "Nunca Mais" "Sodade Matadera" e "O Mar". No lado B, temos o clássico "Luar do Sertão" (Catullo da Paixão Cearense), "Lamento Negro" (Sicundino - Humberto Porto), "O Torrado" (Zé Dantas - Luiz Gonzaga), uma composição da própria Stellinha ("Recado a Iemanjá", em parceria com Roskilde) e dois trabalhos de Gaya: "O Canto da Iara" (em parceria com Eme de Assis) e "Pregão" adaptação de um tema popular. Já houve gente que classificou "Menino de Braçanã" como uma das mais bonitas músicas brasileiras. E nos anos [cinqüenta] e primeira metade da década passada, o pernambucano Luís Rattes Vieira, 47 anos, nascido em Caruaru, foi muito ouvido em todo o Brasil, com suas todas românticas e enternecedoras, como "Prelúdio Pra Ninar Gente Grande", "Paz do Meu Amor", "Caminhos do Amor", "Sinfonia do Amor Divino", "Todinha", "Maria Filó" (em parceria com o paraibano João Valle), "Inteirinha", "Rolinha, Minha Saudade", "Protesto" e "Cabra Ligeiro". Luís Vieira é bastante conhecido em Curitiba: durante meses apresentava um programa de televisão, transmitido do auditório da Reitoria e por quase uma dezena de vezes fazendo shows em clubes. Após permanecer anos na Copacabana, ali gravando discos de boa vendagem, o compositor estava meio esquecido - o que não é de admirar considerando-se os tempos duros porque passam os cantores e compositores que insistem em compor, "em brasileiro" como diz Tinhorão. Felizmente, Luiz Vieira decidiu reestruturar sua carreira e assim passando para a Odeon, volta num elepê bem produzido por Oséas Lopes, com regências dos maestros Gaya, Moacyr Portes, que embora não fuja do repertório que o consagrou, demonstra que está em forma. Faixas: "Guarânia da Saudade", "Os Olhinhos do Menino", "Nossa Vez", "Ave Maria dos Retirantes" (Alcivando Luz - Carlos Coqueijo), "Menino do Braçanã" (em parceria com Arnaldo Passos), "Prelúdio Pra Ninar Gente Grande", "Rato, Rato" (Casemiro Rocha /Claudino Manoel da Costa), "Prelúdio nº 2" (Paz do Meu Amor", "Resto De Quem Parte", "Cortejo", "Estrela de Veludo" e "Zé Valente" (B. Barbosa/Luiz Augusto).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal do Espetáculo
12
25/02/1975

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