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Aramis

As razões de Ricardo Albim

1) As emissoras de rádio e de televisão não estão mais apresentando em suas programações, para depois do reveilon até o Carnaval por dois motivos: a) as músicas gravadas apresentam um nível muito baixo: b) Cada vez mais há um excesso de comercialização dessas próprias emissoras - que só tocam as músicas carnavalescas que eventualmente são "catituadas" por seus autores (isto é, horário "comprado" pelos compositores interessados). 2) Com a deserção - por parte dos veículos de comunicação - da divulgação das músicas especialmente feitas pelos chamados compositores carnavalescos, aconteceu um curioso fenômeno: o surgimento - junto ao público dos sambas emergidos das escolas de Samba e dos Blocos Carnavalescos. Mas, por que? Não só pelo retraimento da divulgação em rádios e televisão das músicas dos compositores carnavalescos tradicionais, como também (e sobretudo) pelo cada vez maior interesse da classe média nos ensaios das escolas de samba e dos blocos e, ainda, pelo próprio desfile entidades no Carnaval que a cada ano assume maiores proporções de atração por parte de toda a população. 3) Analisando-se estes fatos chega-se a conclusão que as músicas efetivamente cantadas pelo povo durante o Carnaval são aquelas que emergem das escolas e dos blocos. Donde se entende não há como negar-se ser positivo esse fenômeno: as músicas de Carnaval de sucesso saem agora do reduto de sambistas autênticos, enquanto que há poucos anos atras eram impostas pêlos "caitetus" através de horários comprados nas estações de radio e televisão. E mais: se os "caititus" não mais aparecem, isso se deve a um fato econômico, qual seja os preços caríssimos dos horários cobrados e que torna inviavelmente econômico o investimento por parte desses compositores, os chamados comerciantes da música de Carnaval.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
6
04/03/1973

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