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Aramis

A receita certa para conquistar audiência

Quando aceitou a proposta de Ervin Bonkoski para retornar a Rádio Colombo, a partir de 19 de janeiro de 1987, Luís Carlos Martins decidiu partir para uma experiência nova: ao invés de um salário fixo, em faixa milionária, decidiu correr o risco e comprar o horário de seu programa. Assim, associando-se a um experiente homem de marketing, Erico Morbis, passou a administrar as seis horas e meia que ocupa na rádio Colombo. Com uma média de 50 clientes - que pagam de Cz$ 800,00 a Cz$ 1.600,00 por spot de 30 segundos (e que duplicam de custo se o comercial for feito pelo próprio Luís Carlos Marins), a Expresso tem um faturamento que lhe permite manter uma equipe de nada menos 16 profissionais para a produção do programa. Bonkoski - deputado federal, veterano radiodifusor, homem de posições conservadoras e que sonha em ser prefeito de Curitiba, só ganha: a emissora tem uma expressiva parcela deste faturamento, mantém a liderança no horário e não corre riscos de problemas trabalhistas com a numerosa equipe - todos de responsabilidade do próprio Luís Carlos Martins. Paulista de Bilac, mas de formação paranaense (viveu em Jacarezinho até 1976, quando se transferiu para Curitiba) Luís Carlos Martins, 39 anos, casado, 2 filhos, fez sua carreira nas rádios Clube, Colombo e Independência. Simples, extremamente religioso - mas evitando o fanatismo - conquistou uma fórmula de chegar aos ouvintes, preenchendo espaços que, no passado, tiveram em comunicadores como Arthur de Souza (hoje aposentado) e Abel Scussiato (já falecido) grandes audiências. Como Arthur de Souza - que liderou por mais de 20 anos a audiência com sua "Revista Matinal", na Rádio Clube Paranaense, e Abel Scussiato, com a informalidade de sua linguagem e que também era dono de grande público ouvinte nos anos 60, Luís Carlos Martins evita a exploração do misticismo e procura, na abertura do programa fazer um jornalismo "basicamente informativo". Evidentemente que os piques de audiência de sua programação são atingidos com a parte espiritualista, especialmente no "Momento de Oração" (na qual usa gravações com mensagens do Papa João Paulo II, feitas há 8 anos, quando esteve em Curitiba), o Horóscopo (apresentado, em 4 "janelas", pela astróloga Yara Ramos, de Londrina) e "Qual é o seu problema?", com um sentido de utilidade pública. Através de dois números telefônicos - 222-8375 e 222-6811 - chega a receber uma média de 400 ligações por dia, o que dá mais de um telefonema por minuto. Organizado, classifica mais de 8.500 nomes de ouvintes - com endereço, data de nascimento e outras informações - que vai passando para o computador, dispondo assim de disquetes que valerão milhões para a próxima campanha política. Sabendo adaptar-se aos novos tempos, Luís Carlos Martins apesar de seu conservadorismo religioso tem buscado abordar assuntos que, há 5 ou 7 anos jamais trataria no rádio, como sexo, Aids e doenças venéreas. Por exemplo, na última quarta-feira, leu a carta de uma ouvinte que se queixava de que seu namorado estava com doença venérea "e não sabia o que fazer". Depois, abordou a questão do uso de preservativos. Só estes dois enfoques renderam nada menos que 75 telefonemas - a maioria de senhoras - que opinavam a respeito. Para Martins - como outros comunicadores de visão - o sexo deixou de ser tabu, "mas tem que ser tratado, sempre, com muito respeito", frisa.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/03/1988
muito bom o artigo

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