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Aramis

Reedições às mancheias

Com a crise que se agrava a cada dia, as gravadoras estão cortando gastos e procurando fórmulas alternativas. Reedições de fonogramas que estão em seus arquivos é uma das formas mais econômicas de continuar nas lojas com investimentos mínimos. Só que variam os critérios de cada etiqueta - algumas com trabalhos caprichados valorizando as informações para, honestamente, dar ao consumidor a notícia de que está adquirindo um disco antigo, outras procurando escamotear a realidade. A RGE, que até agora não deu a mínima importância para a promoção, corre o risco até de ser processada por Paulinho da Viola, se lançar, como ameaça, o histórico "Velha Guarda da Portela", um dos melhores discos de samba autêntico, que o autor de "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" ali produziu, se levar adiante o que está ameaçando fazer: prensar uma nova edição escamoteando seu texto original de contracapa. Hermínio Bello de Carvalho vai processar a Moto Discos, do Rio de Janeiro, que reeditou os dois volumes de "Rosa de Ouro", sem dar os créditos. Felizmente, há gente consciente. Leon Barg, da Revivendo, faz preciosas reedições, repletas de informações - datas de gravações, nomes dos autores e intérpretes e textos adicionais do pesquisador Abel Cardoso Júnior. Entre as grandes gravadoras, a EMI/Odeon também está fazendo reedições importantes, graças a competência de Francisco Rodrigues. Mesmo não podendo reeditar gravações integrais, com capas fac-similares (a única exceção foi o pacote com os três álbuns de João Gilberto), o bom Chiquinho escolhe criteriosamente os fonogramas e convida uma pessoa competente para fazer o texto de contracapa. Faz isto agora com o disco em homenagem a Nelson Cavaquinho (1911-1986), reunindo 22 de suas mais belas composições com interpretações do próprio Nelson, de Odete Amaral e até em duas faixas ("Quando Eu me Chamar Saudade" e "A Flor e o Espinho") com a voz de seu parceiro Guilherme de Brito. Nelson não era cantor, mas fez alguns elepês documentais excelentes, de onde Chiquinho extraiu as faces do lado A. Já no lado B, suas músicas estão nas vozes de Clara Nunes ("Minha Festa"), Paulinho da Viola ("Duas Horas da Manhã"), Elza Soares ("Pranto de Poeta"), Conjunto Rosa de Ouro ("Degraus da Vida"), Dalva de Oliveira ("Palhaço"). Há também um solo instrumental de Nelson, feito em 1973, em "Caminhando". Uma importante reedição, programada também para sair em CD, e que é indispensável a quem não possui os discos originais em que estes clássicos do samba foram gravados pela primeira vez.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
16/12/1990

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