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Rui Biriva, a bela voz dos festivais

Há três anos, na 6ª Seara da Canção Nativista, em Crarazinho, Rio Grande do Sul, o grande vencedor foi Rui Biriva: com sua "Santa Helena da Serra"(parceira com José Luiz Vilela) levava o troféu de melhor canção e ainda emplacava o de melhor intérprete. Veterano participante de festivais nativistas, Rui da Silva Leonihardi Biriba (Horizontina, 28/10/1958) tinha mais um reconhecimento a sua bela voz. Como Victor Hugo, Leopoldo Reissner e tantos outros intérpretes gaúchos que, nos últimos anos têm se destacado em festivais nativistas, Rui merecia, já há muito, ter o seu elepê-solo. E isto acontece agora, mais uma vez graças ao empenho de Ayrton dos Anjos, o incansável record-man gaúcho, que através da Continental apresenta "Cantar". Biriva é antes de tudo um intérprete de voz personalíssima. Sua voz é robusta, sem muitas nuances, mas impressiona com um bom repertório. E isto ele soube buscar, com ajuda de Dulcinéia Pereira e do próprio Ayrton, fazendo assim deste "Cantar" uma amostragem de vários compositores gaúchos que sem esquecer o regionalismo, têm buscado também uma linguagem urbana. Assim, Rui como autor ficou apenas em duas faixas: a hoje consagrada "Santa Helena da Serra" e sua parceria com Luiz Coronel ( "Rebanho de Agonias"). Paras as oito outras faixas, Biriva buscou músicas de Galileu Arruda ("Cantar", parceria com Douglacimar Radaelli), Beto Castellarin/ Silvia Tavares ("Xótis Só"), Sérgio Napp/Pedro Guisso ("Meu Interior"), Talo Pereyra/Sérgio Aragonez/Nilo Brun ("Crendices"), Elton Saldanha ("Os Cardeais"), Anildo Lomaison de Moraes ("Tchê Loco!"), Airton Pimentel/Elmo Neher ("Ciranda, Canto e Viola"). Dos amigos Airton Pimentel e Gilberto Carvalho ganhou uma bela canção-homenagem: "Birivas". Biriva é um cantor em pregresso, em condições de se projetar nacionalmente. Hoje, restrito ao Rio Grande do Sul, evoluindo artisticamente pode, com toda razão, alçar vôos maiores. Pai e Filho A música gaúcha é tão estimulante, com um mercado vigoroso que não é só a Continental que hoje dá grande atenção ao que ali se faz. A nova etiqueta 3M também está inteligentemente se voltando para o Sul e, de uma só vez, lança elepês de pai e filho: Gaúcho Altaneiro, gaiteiro, compositor e cantor de Santa Maria do Sul, popularíssimo por seu trabalho no rádio e televisão, com audições nativistas - e que por alguns anos morou no Paraná - tem seu novo elepê lançado simultaneamente ao disco de seu filho, Resenildo de Paula, 15 anos, que desde os 6 anos o acompanha artisticamente. Foi na produção diária do programa "Rancho Alegre", na rádio Difusora de Marechal Cândido Rondon, que o garoto demonstrou seu lado artístico. Assim, aos 7 anos já fazia um compacto ("Filho de Guarapora") que foi sucesso no Sudoeste. Mais tarde, Rosenildo conquistava o troféu de melhor cantor no I Festival de Música Sertaneja de São José. A partir de 1982 passou a acompanhar o seu pai, que tem agenda das mais carregadas não só no Rio Grande do Sul mas também em outros Estados. Como a família é musical, Rosenildo gravou uma composição de sua mãe, Elena Silva ("Que nem Criança Molhada") e uma sentimental música de fundo ecológico, "Canarinho Prisioneiro" (Ramoncito Gomes), de leve um descarado plágio de "Passarinho Prisioneiro", o maior êxito do saudoso Nhô Belarmino. Gaúcho Altaneiro usa e abusa do lado picaresco, muitas vezes semipornográfico das músicas gaúchas, como em "Abra as Pedras"- letra das mais apelativas. E, justificando as origens, abre o disco com uma homenagem a Gildo de Freitas, - numa regravação de "Eu Não Sou Convencido". Intérprete popular, curtido especialmente por motoristas de caminhões - que formam uma faixa imensa de consumidores de fitas, Gaúcho Altaneiro não deixa de homenagear a categoria com a faixa de encerramento, "Motorista Amigo". Antes porém, volta a apelar as insinuações pornográficas com "Vendedor de Mandioca", de autoria de sua mulher, Elena A. da Silva. Rui Biriva ganhou agora seu primeiro lp solo, mas no ano passado já havia participado de "A Música do Rio Grande na Guaíba", produção que Ayrton dos Anjos havia coordenado para seu amigo Nilo Odone Sehn, da etiqueta Discoteca, em colaboração com a Rádio Guaíba - com artistas contratados da RGE, Continental e Pialo. Assim, ali Biriva gravou "Ciranda, Canto e Viola" (Airton Pimentel/ Elmo Neher). Disco pau-de-sebo - ou seja, daqueles que reúne diferentes intérpretes, para ver os que podem ganhar seus próprios álbuns, "A Música do Rio Grande na Guaíba" trouxe outros bons intérpretes, começando com Alex ("Me Comparando ao Rio Grande"), Leopoldo Rassier ("Pilchas"), Dante Ledesma ("Romance de Tafona"), Luiz Carlos Borges ("Noites, Penas e Guitarras"), entre intérpretes presentes em todos os festivais. A música missioneira foi representada por seus dois maiores nomes: Noel Guarani ("Romance do Pala Velho") e Cenair Maicá ("Bochinchando"), o acordeonista Porca Véia (já com dois lp's-solos pela Discoteca) compareceu com uma pretensiosa adaptação de um clássico de Atahualpha Yupanqui ("Los Ejes de Mi Carreta") e até um grupo mais de danças do que de canto fez uma faixa: "Os muripas" atacou com uma suíte do cancioneiro gaúcho, incluindo "Amargo" (Lupicínio Rodrigues), "Piazito Carreteiro" (Luiz Menezes), entre outros. Deste disco, os dois nomes menos conhecidos são Gaúchos Guapo ("Gana Missioneira") e Adair de Freitas ("Previsão").
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
03/05/1987

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