Login do usuário

Aramis

Samba da velha guarda graças ao japa Tanaka

Parece piada, mas é verdade: foi necessário que um japonês, apaixonado pela MPB viesse ao Brasil, com os bolsos recheados de yens, para que a Velha Guarda da Portela, Nelson Sargento e Wilson Moreira, legítimas expressões de nosso melhor samba, fizessem novos discos. Pois é! O amor que Katsunori Tanaka tem pela música popular brasileira o faz dedicar-se, integralmente, ao nosso cancioneiro, colecionando discos, estudando violão e cavaquinho, e especialmente, dando a todos os brasileiros que vão a Tóquio a maior atenção. Tornou-se amigo de Mauro Diniz, Henrique Cazes e Maurício Carrilho, da hoje extinta Camerata Carioca, quando aquele conjunto foi ao Japão, em 1984, acompanhando Nara Leão e Roberto Menescal, e conversa vai, conversa vem, surgiu a idéia de Tanaka produzir discos com os grandes mestres do samba que, por razões que ele não consegue entender (e nem nós), são marginalizados fonograficamente no Brasil. Assim, no ano passado, Tanaka veio ao Rio e com a ajuda de gente entusiasta (Sérgio Cabrão, Mário de Aratanha, Mauro Diniz, etc.) realizou três álbuns magníficos, do mais autêntico samba. O primeiro é com o grupo Velha Guarda da Portela, histórica formação que apesar da sua riqueza sonora teve até hoje raras chances de fazer gravações (uma delas, foi um álbum produzido por Paulinho da Viola, na RGE, há mais de dez anos). Dos melhores sambistas da Portela - de Francisco Santana a Paulo Portela - desfilam 12 clássicos, em gravações nas quais se somaram aos integrantes do grupo também o violão de sete cordas de Paulão e o pandeiro de Beto Cazes. Wilson Moreira, de profissão guarda penitenciário, mas inspirado poeta e bom cantor, já havia dividido um elepê com seu parceiro Ney Lopes, mas agora ganhou um elepê solo ("Peso na Balança"), produzido por Tanaka. Um projeto carinhoso, com arregimentação dos melhores instrumentistas - a começar pelo violão de 7 cordas de Rafael Rabelo - Wilson desfila aqueles sambas filosóficos, repletos de poesia em que fala das coisas da vida e do amor, sempre com a ternura de um compositor de raízes das mais legítimas. O terceiro elepê do pacote - lançado naturalmente no Japão mas no Brasil distribuído pela Kuarup - é do compositor e cantor Nelson Sargento (Nelson Matos), 63 anos, sambista dos mais inspirados, autor de uma frase epígrafe definitiva dentro da MPB (O nosso amor é tão bonito / ele finge que me ama / eu finjo que acredito) e que até hoje só havia gravado um elepê solo (Eldorado, 1980). Agora, fez seu novo disco ("Encanto de Paisagem"), também repleto de músicas em que coloca toda a sua poética popular, com duas parcerias especiais - Cartola em "Vim lhe Pedir" e Guilherme de Brito em "Mar de Lágrimas", além da participação vocal da terna Cláudia Savaget, em "A Felicidade se Foi".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
20/09/1987
sou produtora do sambista nelson sargento quero deixar e-mail para quem enteressar contato evonetebelizario@globo.com evonete belizario produtora cultural rio de janeiro - rj - Brasil

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br