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Aramis

Sambistas

"O samba não pode morrer", como diz o refrão popular. Ainda bem! E ouvindo-se o novo disco de Roberto Ribeiro ("Fala meu Povo", Odeon) sente-se que se depender de intérpretes como ele, o samba jamais acabará. Com força e entusiasmo. Roberto usa bem a sua voz para interpretar sambas de compositores habituais em seus discos, como o baiano Nelson Rufino ("Jura"), Jorge Aragão-Dedé da portela ("Resto de Esperança"), Wilson Moreira-Nei Lopes ("Só Chora Quem Ama"). Mas Roberto também compõe e por isto algumas faixas são de seus sambas, como "Ébo", "Vem" e "Quem Sabe Amanhã". Especial atenção para "Artificio" (Mauro Duarte Paulo Cesar Pinheiro) com a participação especial de Clara Nunes; "Quem lucrou fui eu" do grande Monarco e mais uma sentida regravação do clássico "Heróis da Liberdade" (Silas de Oliveira Décio da Viola/M. Ferreira). Outro sambista identificado ao Império Serrano, escola de samba de tantas glórias é Jorginho do Império, filho do grande Mano Décio da Viola. Em "Festa do preto forró"(CBS, 138193), Jorginho não fica apenas nos sambões: "Lembranças" (Raul Sampaio/Benil Santos), "Nosso Olhar" do próprio Jorginho e "É Louca" (Tio Helio) são canções românticas, embora com a marcação característica do samba. Com Graça do Salgueiro, Jorginho divide a autoria de "Já Cansei" e "Eu Não Sou Santo" e um pout pourri de partido alto inclui quatro sambões da maior vibração. Prestem atenção também em "Para Com Isso" e "Promessa". Tendo iniciado sua carreira nas águas de Martinho da Vila, Jorginho conseguir um salto neste elepe, valorizado pelos arranjos de Geraldo Vespar e com uma participação muito importante: a magnifica violonista Rosinha de Valença, de quem aguardamos há tempos um novo lp-solo. Nem só de elepes vivem os sambistas. Pela Top Tape, três compactos simples com sambistas: Zedi (José Dias), paulista de Mogimirim, que já teve um elepe editado e há anos vem fazendo sambas-de-enredo, mostra duas novas músicas: "Último verão" e "Explosão de alegria". Já Robertinho da Ilha (Bento Tocedes Jorges), capixaba de São Mateus, 33 anos, é outro que prova de que samba-de-enredo não é privilegio de carioca. Aos 15 anos, já compunha para blocos carnavalescos de sua cidade e com o grupo "Colheres no samba" se tornou profissional como passista e cantor. Como compositor, com algumas músicas já gravadas, mostra no compacto da Top Tap, "Eis a Verdade" ao lado de "Bom, bonito e barato". Já o terceiro dos editados pela Top Tape é David Correia, de Niterói, que aos 6 anos já fazia versos. Desde 1964 está ligado às escolas de samba e sua obra é expressiva. Como puxador de sambas - desde 1978 ligado à campeoníssima Beija-Flor - tem vários sambas-de-enredo gravados e, como intérprete, fez um lp na Phonogram ( "Menino Bom") e vários compactos pela RGE e Continental. Agora na Top Tap, enquanto não faz um novo lp, tem dois sambas reunidos num cs: "Não posso mais", apelidado de "Melô de dona encrenca" (uma bem humorada caricatura das esposas que só pensam em dinheiro) e "Jacaré Papão", um partido alto na base da gozação e do duplo sentido.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
26
09/11/1980

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