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Aramis

The Smiths, independência pop que no caso deu certo

Tom Leão, convidado pela WEA para preparar o release promocional do disco-mix do grupo The Smiths, começa dizendo que no mundo da "pop music", aparentemente existe uma fórmula que transforma grupos obscuros em sucessos mundiais da noite para o dia, contando que certas regras sejam obedecidas. Então, indaga, como um grupo que ignorou totalmente estas regras, e sempre gravou independente, conseguiu atingir os mesmos objetivos sem abrir mão de seus ideais? Talento e simplicidade é a resposta que Leão dá para aplicar a carreira do Smiths, que da distante Manchester, tornou-se um dos mais conhecidos e bem sucedidos grupos internacionais, inclusive no Brasil. Sucedendo o álbum "The Queen Is Dead" (1986), sai agora o maxi-single "Panic" (WEA/Rough Trade), com três músicas: as inéditas "Panic", "The Draize Train" e "Vicar In A Tatu" (que já havia sido incluída em "The Queen Is Dead"). Lançado semanas após o álbum e quase simultâneo ao curta-metragem "The Queen Is Dead", de Derek Jarman (o diretor do irreverente "Caravaggio", uma das sensações do FestRio-86, mostrado na mostra "Midnight Movies"), "Panic" foi eleito pela crítica de rock/pop em vários países como uma das melhores canções de 1986. Mas ao mesmo tempo em que era aplaudida era também banida de várias rádios e night-clubes (especialmente em Londres), pois sua lenda critica a falta de imaginação das músicas atuais e sobretudo os disc-jóckeys que ditam as modas, com seu forte refrão que diz "Hang The DJ/Enforque o Disc-Jóckey". Queimem o disco / porque a música que eles constantemente executam não diz nada para mim / sobre a minha vida. O líder e compositor do grupo, Paul Morrissey, sempre foi irreverente e tem comprado brigas. Por exemplo, seu ódio a Margaret Thatcher e toda a realeza britânica, o fez titular o penúltimo álbum de "The Queen Is Dead". No meio artístico, um dos seus alvos foi o cantor Bob Geldof, o organizador do "Live Aid", a quem acusou de se promover à custa da fome da África. Como lembrou Antônio Carlos Miguel ("Jornal da Tarde", 13/08/86), a capa de "Panic" retrata fielmente a estética de Morrissey. Num primeiro momento, o sujeito da foto pode ser confundido com o cantor, mas trata-se do ator inglês Richard Bradford, mais um cover star na galeria dos Smiths. Relembra Miguel que em "The Queen Is Dead", o "cover star" foi Alain Delon quando jovem, num filme de 1965, e no LP anterior, "Meat Is Murder" (1985), a capa trazia um soldado anônimo do Vietnã, tirado do livro "In The Year Of The Pig", do fotógrafo Emile de Antonio. Na sua estréia (1984), quem aparecia na capa dos The Smiths era o ator Joe Dalessandro, astro dos filmes de Andy Warhol, numa cena de "Flesh", dirigida por Paul Morrisey (seu homônimo). Nos compactos do grupo também as capas sempre foram de anônimos e atrizes famosas, em mais um dado que faz este grupo ter características especiais. "Panic" foi o último trabalho do guitarrista Graig Gannon, ex-Aztec Câmera, que participou apenas da tourné promocional de "The Queen Is Dead" como membro do grupo, fazendo as bases para Johnny Marr. Marr, guitarrista virtuose, é a cara-metade do vocalista Morrissey, dividindo com ele quase todas as composições e responsável pelas características sonoras dos Smiths. Além de Morrissey & Marr, o grupo se completa com Andy Rourke no baixo e Mike Joyce na bateria, ambos na formação original.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
7
22/03/1987

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