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Aramis

Só graças a Damasceno a classe não perde teatro

A habilidade e diplomacia do corretor Mário Damasceno vai salvar o Teatro da Classe. Compreensivo à importância de que a cidade não perca aquela casa de espetáculos Damasceno está procurando negociar um aluguel compatível às possibilidades da Associação dos Produtores de Arte Cênica, que "administra" (sic) o auditório. Com justa razão, os proprietários do grande imóvel localizado na Rua 13 de Maio - dez herdeiros das famílias Hoffman e Heller - exigiram um sólido reajuste no aluguel. Damasceno, já há algum tempo, conseguiu evitar que a Associação continuasse a sublocar - ilegalmente - o imóvel, e assim tanto a área ocupada pelo "Pub da Classe", como o amplo espaço no qual a empresária Dora Paula Soares instalou uma das unidades de seu Studio D, já passaram a ter contratos autônomos. Ficou assim a Associação dos Produtores de Arte Cênica responsável apenas pelo aluguel do próprio teatro - o qual, infelizmente, "funciona" precariamente, com programação irregular, sem qualquer divulgação e tendo, em conseqüência, renda mínima. xxx Atualmente o aluguel do teatro é ao redor de Cr$ 1.000.000, que deverá sofrer reajuste em torno de 20%. Entretanto como a diretoria da Associação alega falta de recursos, Damasceno conseguiu que os proprietários do imóvel dessem um prazo de carência, até que sejam liberadas dotações oficiais à entidade. Seria, entretanto, de se imaginar que se houvesse uma diretoria eficiente, especialmente um presidente dinâmico, educado e bem relacionado (como era José Maria Santos) a Associação já poderia ter recursos próprios para ao menos custear o aluguel do imóvel. Como está, vive na dependência das subvenções oficiais. xxx Apesar da administração atual do Teatro da Classe ser das mais deficientes, o Instituto Nacional de Artes Cênicas ainda se mostra disposto a auxiliá-lo. Assim, foram liberados pelo presidente Carlos Miranda Cr$ 20 milhões para aquisição de poltronas e quadro de luz. Vamos ver se este dinheiro será aplicado eficientemente... A propósito, Miranda está preocupado em prestigiar o Paraná - para evitar que cresça por aqui uma oposição a sua administração, já que quando da escolha do presidente do Inacem, Glauco Souza Lobo, diretor executivo da Fundação Cultural, conseguiu um bom cacife nacional, na disputa ao cargo. Um total de Cr$ 90 milhões foi consignado ao Paraná pelo Inacem do crédito suplementar de um bilhão e duzentos e dez milhões de cruzeiros para apoiar reformas e equipamentos de casas de espetáculos em todo o País. Além do Teatro da Classe, foi beneficiada a Fundação Teatro Guaíra - Cr$ 50 milhões para a construção de espaços móveis destinados às suas campanhas de interiorização e mais Cr$ 20 milhões para iluminação cênica do Teatro Municipal de Cascavel. Anteriormente, de outro bolo financeiro - dois bilhões e duzentos e dez milhões de cruzeiros - o Inacem já havia destinado mais Cr$ 100 milhões também para equipar e reformar sete auditórios em nosso Estado. O Teatro de Amadores de Jacarezinho, cujas obras se arrastam há 30 anos, receberá Cr$ 20 milhões para ver se consegue terminar sua iluminação. O auditório do Colégio Estadual do Paraná - que há 20 anos se encontra em péssimas condições - será reformado com ajuda do Inacem, que ainda destinou recursos para a recuperação do Cine Teatro Ouro Verde, de Londrina (interditado há meses) e teatros municipais em Corbélia, Palotina e Arapongas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
22/02/1986

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