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Aramis

A sociedade sem sede durante duas décadas

O vandalismo político-ideológico que se seguiu a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, em 1942, fez com que a Sociedade Garibaldi - a exemplo das sociedades alemãs - a Deutsch Sangerbund (hoje Sociedade Rio Branco) e a Deutscher Tuan-Verein (Sociedade de Cultura Física Duque de Caxias) fossem apedrejadas, invadidas e quase destruídas em nome de um nacionalismo extremo. Se as sociedades alemãs, encerrada a guerra, tiveram seus patrimônios devolvidos as comunidades que as formaram, a Garibaldi teve que esperar até 1962 para reaver o seu prédio. Desapropriado pelo interventor Manoel Ribas (que entretanto nunca indenizou a entidade), passou a sediar o Tribunal de Justiça do Estado, que só saiu daquele palacete quando ganhou sua sede nova, no Centro Cívico. Uma triste contradição, a corte da justiça do Paraná, por quase duas décadas, ocupou, ilegalmente, um prédio que pertencia a uma entidade associativa. xxx Devido ao vandalismo com a destruição de seus arquivos, móveis e mesmo decoração há 45 anos, a história da Sociedade que foi fundada pela colonia italiana há 103 anos - exatamente a 1º de julho de 1883 - é praticamente desconhecida. O professor Alfredo Santana Ribeiro, 74 anos, que presidia a Sociedade em 1962, relembra que "quando ficamos sem sede, a sociedade só resistiu graças à colaboração das sociedades Batel e, posteriormente, a Duque de Caxias, que nos abrigaram, ao menos administrativamente". Mas por 20 anos, a entidade que havia sido fundada um ano após a morte do herói Giuseppe Garibaldi (Nice, 1807 - Ceprera, 1882), não teve condições de ter uma vida autônoma. "Foram anos difíceis, que só o idealismo de seus sócios fez com que a sociedade não se esfacelasse como instituição", lembra Santana Ribeiro, que permaneceu na presidência até 1952 - e que hoje preside o Conselho Deliberativo. Totalmente favorável a fusão com o Santa Mônica Clube de Campo, pois na lucidez de quem presidiu a Sociedade em seus anos mais difíceis entende a impossibilidade de mantê-la, atualmente, com uma ridícula arrecadação de menos de Cz$ 4 mil por mês, o professor Santana Ribeiro preocupa-se como o futuro da entidade. Em que pese o valor patrimonial do imóvel, sua manutenção é difícil e o prédio está a exigir imediatas reformas - de custos elevados. O corpo associativo se reduz cada vez mais, já que não há atrações para os mais jovens se filiarem. Portanto a possibilidade de se dispor da estrutura de um amplo clube de campo, é atraente. Em contrapartida, o velho prédio, devidamente reciclado, pode se transformar num centro cultural, com uma grande movimentação - argumentam os garibaldinos favoráveis a fusão.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
01/02/1987

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