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Aramis

Som do ano 2 mil na New Age Music

Há pouco mais de dois anos, quando a jornalista Myrna Gynisch voltou ao Brasil após residir quatro anos na Califórnia começou a insistir na divulgação da chamada New Age Music. Após alguma resistência abriu um espaço na Eldorado FM e, em pouco tempo, executivos de gravadoras sentiam as possibilidades por esta música suave, numa fusão de processamentos sonoros que vagueiam do rock ao orientalismo, com instrumentos originais muitas vezes. A Polygram tratou de comprar os direitos de uma das etiquetas mais prestigiadas - a Windhills, enquanto a Eldorado por indicação de Myrna fazia lançamentos mais audaciosos. As vendas foram equilibradas, atingindo um público amplo - desde academias de dança e reflexologia até aqueles que estão cansados de um som agressivo e buscam uma música harmoniosa. Antônio Carlos Duncan, da SBK Songs, que em menos de três meses está formando um catálogo diversificado, acrescenta agora as trilhas sonoras (o forte de sua etiqueta) com a representação da Varese, também um pacote de cinco discos New Age, com autores inéditos no Brasil como Robert Schroder ("Brian Voyager"), Mic Holwin ("Starting to Remember"), Anthony Phillips ("Private Parts and Pieces VII"), Johannes Schmmoelling ("Wuivent Riet") e o grupo latitude. A new age music vem sendo utilizada já em filmes e peças de vanguarda já que pela própria intimidade sonora que oferece possibilita uma fusão perfeita com propostas visuais avançadas. O alemão Robert Schroeder, desde seu primeiro disco, tem conseguido um equilíbrio perfeito entre a harmonia clássica e o instrumental eletrônico, o que leva a ser requisitado para participações em multimédia como o que é chamado de "Spacemusic". Em "Brian Voyager" se tem uma introdução ao que chama de "head oriented sterephonic", num processo de gravação desenvolvido em três dimensões. Anthony Phillips, guitarrista e compositor, um dos criadores do Genesis (1967), com formação clássica, fez a música para atual montagem de "MacBeth", a peça maldita de Shakespeare estrelada por Glenda Jackson em cartaz na Broadway - um dos muitos trabalhos que tem realizado para cinema, televisão e mesmo comerciais. Já tendo gravado com o King Crimson e Phil Collins, Phillips é um instrumentista que evoluiu do rock para esta chamada música do terceiro milênio, desenvolvendo nada menos que sete álbuns aos quais chamou de "Private Parts and Pieces", cujo volume VIII sai agora no Brasil. Em inspiradas interpretações na guitarra solo, não despreza as harmonias tradicionais, num resultado fascinantemente encantador. Ex-integrante do grupo pop alemão Tangerine Dream (1979-1985) - que desenvolveu várias trilhas para cinema (inclusive para o terrorífico "Quando Chega a Escuridão/Near Dark", lançado pela SBK há um mês), Johannes Schmoelling tem explorado todas as possibilidades do órgão e, entre o criador musical e o técnico de som, aprendeu a combinar acústica com efeitos de som, espaço e iluminação, com outras dimensões às idéias que já vinha desenvolvendo. Há três anos fez a música para "Wuivend Riet", uma peça de Hans Bosch, na Holanda, expressando o ritmo do tempo a passagem das horas, as nuances da luz. Esta música que chega a ser uma idéia entre a música programática e o romantismo impressionista de Debussy, pode ser apreciada no álbum "Wuivend Riet". Uma mulher no pacote new age: é Mic Holwin, com influências de John Cage e Lukas Foss, que em "Starting to Remember", em treze peças curtas, contrasta entre sons que vão do êxtase ao relaxamento, propondo até uma idéia bem promocional como princípio de sua "Synesthesia": "ouça um acorde, veja uma cor". Finalmente, o grupo Latitude, faz a new age music de mais assimilação: o tecladista/percussionista Craig Peyton, os guitarristas Ben Verdery e David Spinoza, vêm de uma experiência com nomes famosos (Carly Simon, Bette Midler, Aretha Franklin, James Taylor etc) e neste trabalho, de maiores pretensões, fundem temas etéreos com espaços para improvisos jazzísticos e pitadas de ritmos latinos. No mínimo, a audição de música New Age faz bem para o espírito - vale como uma suave sessão terapêutica. Além de mostrar um som especial, novo e futurista.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
12/06/1988

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