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Aramis

Stelinha, a nossa cantora de sucesso

Stelinha Egg, a primeira -, ironicamene, até hoje única cantora paranaense que obteve uma real projeção nacional - ganhou um inesperado presente de Natal, na semana passada: um disco com sete gravações feitas entre 1944/52, na Continental e RCA, que Leon Barg remixou para uma cuidadosa reedição. Curitibana, filha de uma família tradicional (seu tio-avô foi o fundador do histórico Theatro Hauer, hoje cine Bristol), filha de família alemã, a menina Stella Maria começou a cantar na Igraja Evangélica e estrearia, ainda nos anos 30, na Rádio Clube Paranaense. Intérprete de canções folclóricas, venceria um concurso e foi contratada pela Radio Tupi de São Paulo, passando depois para as rádios São Paulo e Cultura, ali conhecendo o pianista e regente Lindolfo Gaya (Itararé, SP, 6/5/1921) - Curitiba, 15/7/1983), com quem se casaria. Depois o casal se transferiu para o Rio de Janeiro, contratada pela Rádio Tupi na qual permaneceria por seis anos. Em 1944, Stelinha gravou seu primeiro 78 rpm (Continental), com a toada "Uma Lua no céu... outra lua no mar" (Jorge Tavares/Alaide Tavares) e o coco "Tapioquinha de coco" (Tavares/Amyrton Valim) primeiro de quase uma centena de 78 rpm (e uma dezena de elepês), sempre valorizando a música folclórica, da qual seria eleita a melhor intérprete em 1950, por duas vezes (1955/56) excursionou pela Europa, com Lindolfo Gaya, tendo sido uma das primeiras artistas brasileiras a se apresentar na URSS (onde chegou a fazer um filme musical), Finlândia e outros países. Retornando a Curitiba há 10 anos, o casal Stelinha-Gaya voltou a dar uma grande contribuição musical a cidade. Gaya foi arranjador e maestro por mais de 20 anos da EMI-Odeon, e com sua experiência, em seus últimos anos de vida, valorizou inúmeras gravações feitas no Estúdio Sir. Há muito que Stelinha e Gaya merecem um trabalho biográfico-interpretativo de maior dimensão. Afinal, a cantora teve uma grande projeção como cantora de nosso folclore - ao lado de Vania Orico, Inezita Barroso e Ely Camargo (mas que surgiram posteriormente), responsável pela popularização de muitos de nossos ritmos populares. Seus elepês há muito estão fora de catálogo (constituem collector's itens em lojas como a Raridade), de forma que Barg acertou na mosca ao reeditar suas gravações feitas em 1944 - incluindo as duas primeiras gravações na Continental; mais "Prenda Minha", "Mais ninguém" (Gaya/Erne de Assis), "Toca Sanfoneiro" (Luiz Gonzaga/Stelinha), "O Torrado" (Gonzaga-Zé Dantas) e "Quem sabe?" (Carlos Gomes- Bettencourt Sampaio), em registros feitos entre março/abril de 1952, quando era contratada da RCA. O álbum de Stelinha foi dividido com outra grande intérprete de nosso folclore: Dilu Mello (Maria de Lourdes Argolo Oliver, Viana, Maranhão, 25/9/1920). Apesar de nascida no Maranhão, a exemplo de Stelinha, Dilu teve sua formação sulina: morou por anos em Porto Alegre e aos 13 anos ganhou um concurso de piano. Em 1938 foi para o Rio, estreando na rádio Cruzeiro do Sul, e a partir de 1940, compondo em dupla com Ovidio Chaves, com quem fez o clássico "Fiz a cama na varanda" (gravado em 41 e relançado, mais tarde, por Inesita Barroso). Pesquisadora de folclore, pianista, violonista, harpista e cantora, autora de sucessos como "Lá na serra" (com Capiba), "Meia canha" e mais 55 outras músicas, fez várias temporadas no Exterior - Peru, Chile e Argentina (onde morou por dois anos). Foi soprano do Teatro Municipal, brilhou na Rádio Nacional e em 1951 fez uma longa excursão pela Europa. Sete de suas mais notáves gravações, feitas na Continental entre 1938/55, estão na relação produzida por Leon Barg: "Fiz a cama na varanda", "Os dez mandamentos do sanfoneiro", "Sereno", "Maravia" e "Qual o valor da sanfona".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/12/1989

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