Suave música para um grande consumo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de outubro de 1974
Cinco lançamentos de diferentes etiquetas, destinadas ao público que gosta da música suave, bem [tranqüila] e com pitadas de nostalgia, como está tão em moda nos dias atuais. Com uma orquestra de cordas, com arranjos e regência do maestro Renato de Oliveira, Julio Nagib produziu "Música à Luz da Meditação", cujo primeiro volume vendeu tão bem que agora sai o 2º número de uma série que não vai ficar por [aí] temos certeza. São oito temas escolhidos apropriadamente para os arranjos cor-de-rosa, impessoais mas ultra-digestivos do maestro Renato de Oliveira, um músico competente, não resta dúvida:
"The dream of Olwen" (Charles Williams), Chanson Triste (Tchiakowski), "Icb Liebe Dich" (Grieg), "Aria na 4ª Corda" (Bach), "Elegia" (Massanet), "Jealous Lover" (Charles William) e "Song of the Orchid (Georges Melachrino/Jack Bentley), além de uma composição do próprio Renato de Oliveira, com título em inglês: "End less Night".
Já o maestro alemão - que adotou um americano [pseudônimo], James Last, não para de fazer música para dançar e assim o seu "Non Stop Dancing 1974" (Polydor 2437254, setembro/74), onde, em arranjos rápidos, conseguiu sintetizar 25 diferentes músicas, desde os hits mais em voga, até músicas que ainda estão lutando para aparecer nas paradas. Sem dúvida, um disco para as paradas [tranqüilamente]!
A série "Vale a Pena Ouvir de Novo", criada pela Odeon há 90 dias para reunir diferentes hits do passado, tem [seqüência] com o volume 2 (SMOFB 475, setembro/74), onde também a seleção é a mais [heterogênea] possível, mas com chances de agradar a diferentes parcelas de público. Assim temos desde o bolorento Lucho Gatica com seus "La Barca" e "Sabras Dios" até o desconhecido Ralf Bendix ("Baby-Sifter Boogie"), passando pela [Bélgica] (Wallace Collection em "Day Bdream!") [Itália] ("Una Casa In Cima Al Mondo" e o belíssimo "Senza Te"), Inglaterra (Hurricane Smith com "Don't Let It Die" e Maicon Roberts com "Loves Is All"), França (Frank Pourcel e orquesta com os já intragáveis "Tema de Lara" e "Dio Come Ti Amo) e, finalmente, EUA: Matt Monro ("From Russia With Love["]) e Shirley Bassey ("Goldfinger").
Bem mais pretenciosa - mas também mais bem sucedido - do que estas gravações, é o [álbum] "Variations Classiques" (Top Tape, OW 578), onde o maestro Paul De Senneville concebeu uma série de arranjos de bases [sinfônicas] para temas de sucesso, a maioria extraídos de trilhas sonoras de filmes, executadas por uma grande orquestra sob a [regência] de Michel Gannot. Assim, temos desde o "Love Story" de Francis Lay até "Il Etait Une Fois Dans L'Quest" de Ennio Morricone, passando por "Buch Cassidy", "Mrs. Robinson", "Windmills Of Your Mind", e "Gonfinger" "Midnigh Cowboy", dos temas cinematográficos, "La Mer" (Charles Trent), "Let It be" (Lennon/McCartney) e o quase desconhecido "Romantica Strings"(P. de Senneville).
[Popularizadíssimo] no Brasil, graças a "Song For Anna", o compositor e instrumentista Herb Ohta, regente da Honolulu Symphony, é lançado internacional por outro astuto Herb - o Albert, da A & M, com um açucarado lp, reunindo composições no mesmo [gênero], ideais para os fãs de telenovelas e debutantes deslumbradas. Regendo sua Honolulu Simphony, Ohta apresenta sua música azul, pacífica como o oceano que rodeia a sua ilha. Um disco apenas digestivo, nada mais, mas que vai garantir um bom lucro para a Odeon, que o lança no Brasil!
Enviar novo comentário