A surpresa Marion e o retorno de Humperdinck
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de junho de 1986
Após hibernar por anos, a Top Tape decidiu voltar a disputar o mercado fonográfico - no qual, entre fins dos anos 60 e início da década de 70 - chegou a ter uma presença forte. Ao lado do catálogo internacional, foi também a gravadora que teve a iniciativa de lançar os discos com os sambas-de-enredo das Escolas de Samba, grupos 1 e 2, que se revelaram altamente lucrativos. Seu ex-presidente, Manolo Camero, é hoje o big-boss da RCA, mas a Top Tape está na praça com lançamentos diversificados.
Assim, se tem em produções internacionais - como um novo lp do cantor Engelbert Humperdinck ou no grupo The Stylistics - cavalos de batalha para vendagem, lança também uma excelente cantora, Marion Duarte - com graça, balanço e ritmo para disputar, tranquilamente, o espaço no qual hoje Beth Carvalho reina quase absoluta. Claro que Marion não vai ameaçar Beth apenas com este seu primeiro lp, mas pela qualidade das músicas escolhidas pelo produtor Renato Alfaya e bonitos arranjos de Luiz Antonio Porreca e Darcy da Cruz, ela tem condições de se destacar - e merece atenção. Em "Dono de Mim" (Mota Vieira/Reginaldo Torton/Mario Duarte), temos uma canção-de-entrega tão bela quanto "Nem Morta", a qual se segue o descontraído "Sem Pagodeira". No lado dois, "Jovem Suicida" de Padeirinho é emocionante. Todas as dez faixas são músicas inéditas, na qual Marion mostra um estilo próprio - e não se restringe apenas a ser uma sambista. Ao contrário, é uma cantora emotiva, embalada em arranjos dos mais felizes. Ouçam com atenção...
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Nascido na Índia, há 50 anos, filho de um militar inglês, Engelbert Humperdinck (Gerry Dorsey) começou sua carreira em Londres, onde o empresário Gordon Mills começou germanizando seu nome. Em 1967, começava sua carreira ao lado de Tom Jones e já com seu primeiro lp ("Release Me") conseguia emplacar alguns sucessos.
Seu maior êxito seria, entretanto, "Love Is All" e no final dos anos 60 e início da década de 70, brilhou como um futuroso vocalista - mas, dentro da competição do show bussines acabou meio eclipsado. Entretanto, reaparecendo agora com um lp distribuído no Brasil pela Top Tape - mas, infelizmente, sem qualquer identificação de quando e onde foi gravado - Humbert mostra que está em forma. Acreditamos que este álbum, com produção atribuída a Jack White, deve ter sido montado com base em diferentes discos, já que arranjadores diferentes se sucedem em cada faixa. Vale, entretanto, por trazer um intérprete romântico, voz poderosa e afinada - o que é meio raro nestes dias de tanto som supérfulo e descartável. Por exemplo, "The Power of Love", "The You Walked Into My Life", "Portofino", "Love Life" e "Follow My Hearbeat" são bons momentos a quem aprecia a música romântica.
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