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Aramis

Taylor & Stevens

Entre os compositores - intérpretes surgidos nos últimos anos nos Estados Unidos, dois deles nos agradam particularmente: James Taylor e Cat Stevens. Embora identificados e consumidos pela geração acostumada a curtir o som elétrico da geração "pos Beatles", tanto Taylor como Stevens são autores que se poderia chamar - embora os rótulos sejam sempre dispensáveis - mais identificados com a música romântica, baladas com um "country" revisitado. Aos 29 anos, James Taylor estudou em Belmont, Massachussets até os 17 anos e com 18 já estava fazendo parte do grupo Flying Machine. Como tanto outros jovens, Taylor foi vítima das drogas o que motivou que fosse internado em vários hospitais psiquiátricos, tendo inclusive composto algumas músicas nestes estabelecimentos em que passou longas temporadas. Em 1968 viajou para Londres e ali gravou "Sweet Baby James". Mas só em 1972 teria uma maior projeção: litertando-se das drogas, conseguiu um Grammy por "You've Got a Friend" (de autoria de sua amiga Carole King), fez um filme (Two Lani Black - Top", iniciado em 1971, inédito no Brasil) e casou-se com a excelente cantora Carly Simon. Uma das maiores estrelas do elenco da WEA , por onde fez os Lps "Sweet Baby James", "Mud Slim and the blue Horizon" e "One Man Dog", James Taylor em seu mais recente disco ("In The Pocket", WEA Discos, 3- 01- 404- 094, agosto/76), mostra que não precisava mesmo das drogas para poder criar músicas bonitas. Assim, com a produção de Lenny Waronker e Russ Titelman, arranjos para cordas de Nick DeCaro ele próprio fazendo os arranjos para os metais, mostra músicas novas, de profundo significado e em cujos registros teve a afetiva colaboração da esposa Carly Simon, como nas faixas "Shower The People", "Slow Burning Love" e "Family Man". Outros bons amigos também colaboraram - como Art Garfunkel ("A Junkie's Lament", e "Captain Jim's Drunken Bream") Valerie Carler ("Money Machini", " Family Man"), David Grosby e Grahan Nash em "Nothing Like A Hundred Miles" ou o guitarrista Danny Jortchman ("Daddy's All Gone"). Enfim, um álbum de produção cuidadosa, com músicas de Taylor - com novos parceiros, como Stevie Wonder ("Don't Be Sad'Cause Your Sun Is Down"), ou simplesmente canções que se apropriam ao seu estilo, como "Woman's Gotta Have It" (B. Womack / D. Carter/ L. Cook). Há 10 anos (dezembro / 66) o inglês Cat Stevens (na verdade Stephen Giorgiou, nascido em Singlitter, 1948) filho de pais gregos) tinha a sua primeira música nas paradas ("Mathew & Son"), três meses depois (março/ 1967) voltava aos primeiros lugares com "I'm gonna get me a gun". Entretanto, viria afastar-se por alguns meses do meio artístico só reaparecendo em 1969, com Lady d'Arbanville". Nesta época era acompanhado a flauta por Peter Gabriel (hoje do Genisis). Enfim, nos anos 70, Cat Stevens viria o seu prestígio crescer - na Inglaterra, França e, depois Estados Unidos. Sensível, com um estilo muitas vezes infantil, os álbuns de Stevens estão entre os mais interessantes dos novos compositores intérpretes surgidos nesta década: "Mona Bone Jakon" (1970), "Tea for the tilerman" (1971), "The Teaser and the firecat" (1972) e "Catch Bull at four" (1972), todos produzidos pela Island Records. Em 1971 veio para os Estados Unidos, estreando num espetáculo no Philarmonic Hall, em Nova Iorque e tendo em seguida uma de suas músicas colocada nas paradas por José Feliciano ("Wild World"). "Numbers" (A Puthagorean Theory Tale) (sland Records, ILPS 9370, Phonogram) é mais interessantíssimo trabalho de Stevens, onde aproveitando quase uma fábula de ternura infantil, desenvolve todo um projeto - ao longo de nove temas: "Whistlestar", "Movim's Nightmare", "Majik of Majiks", "Drywood", "Banapple Gas", "Land O'Freelove & Goodbye", "Jzero", "Home" e "Monad's Anthem". Stevens é autor de todas as faixas e executa ainda piano, órgão e sintetizador, acompanhado pelo também tecladista Jean Roussell, guitarrista Alun Davies, baixista Bruce Lynch, acordeonista Gordie Fleming, alto saxofonista David Sanborn e, para orgulho nosso, o baterista Chico Batera, que Cat conheceu numa forma espantosa - o que mostra que Stevens soube também "refazer" a sua maneira, aquilo que observou entre nós. Um disco dos mais interessantes. Acompanhando o elepe, um belíssimo álbum, com ilustrações e textos que embora venham com a recomendação de " não serem tomadas com seriedade", oferecem uma espécie de audiovisual de complementação deste trabalho. E já que hoje estamos falando de bons lançamentos internacionais, na chamada faixa jovem - numa prova de que, em absoluto, temos preconceitos - mas apenas procuramos separar o joio do trigo, registra-se ainda o interessantíssimo "Ramshackled" (WEA Discos, 317.404.054, agosto/76), que se constitui no encontro de um grupo de instrumentistas da maior competência, com base especialmente em instrumentos de metais: Bud Beadle (sax, flauta), Steve Gregory (sax tenor, flauta) e Henry Lowether (pistão), somados a guitarra de Peter Kirtley (também bocais), ao baixo e percussão de Colin Gibson, aos teclados de Kenny Craddock e aos vocais de Allan Marshall, tornam alguns momentos deste álbum (gravado em 23/5 - maio/75) um trabalho que foge ao convencional. A apresentação também não poderia ser mais sofisticada: uma cartolina especial na capa, dois envolucros, num deles com um belíssimo desenho - capaz de encucar qualquer psiquiatra. As nove músicas incluídas, de autoria do próprio grupo - oferecem alguns momentos de maior felicidade instrumental - que, numa afirmação atrevida, poderíamos até de chamar de "chorinho" do pop, pelo correto emprego dos flautistas talentosos de Bud e Gregory. Ouçam com atenção... principalmente para identificar o baterista Alan White, ex - Yes, que embora seja o líder do grupo, pouco se destacava sonoramente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
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05/09/1976

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