TEATRO
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de março de 1973
"Fulano de Tal" (a partir da quinta-feira no Teatro Guaíra) é uma mostra de que o teatro paranaense tem grandes planos para 1973. O texto de Manoel Carlos Karam é encenado por José Maria Santos, Narciso e Denise Assumpção, e tem condições de se transformar num êxito. Os motivos são estes: há humor, música e críticas em cima da dramaticidade cafona. Tudo, sempre, em termos de crítica. O texto passa, como um soco, da piada pura e simples para o humor negro trágico. "Fulano de Tal" é o personagem da peça, um vendedor de livros. Mas há momentos em que a coisa ultrapassa esta situação de ficção e "Fulano de Tal" se transforma num ator de teatro. Uma das preocupações da peça de teatro "Fulano de Tal" é que nunca o público esqueça que está assistindo exatamente uma peça de teatro. Assim, "Fulano de Tal" é um vendedor de livros/ator de teatro e o próprio José Maria Santos figura como personagem. As divisas entre o personagem e o ator desaparecem. Mas é tudo ficção, pois nos pontos em que o personagem é José Maria Santos, o ator de teatro, as situações são apenas bolações do autor. É tudo imaginação, mas a realidade do cotidiano está presente, às vezes bem humorada, outras vezes até agressiva. Preparada para viajar por muitas cidades brasileiras, a peça vai começar sua carreira em Curitiba e medir suas possibilidades. Não é uma peça difícil, mas também não é uma peça digestiva. José Maria Santos e os irmãos Narciso e Denise Assumpção vivem em "Fulano de Tal" seqüências hilariantemente cruéis do dia a dia. E ainda um destaque especial: o belo cartaz da peça foi criado por Rogério Moura Dias, que personificou em seu desenho um perfeito "Fulano de Tal".
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