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Aramis

A tese de Solange sobre nosso cinema

Há dez anos, quando formou-se em jornalismo pela Universidade Católica do Paraná, Solange Straus Stecz começou a trabalhar junto à Cinemateca do Museu Guido Viaro como colaboradora voluntária. Apaixonada por cinema desde a infância interessou-se em pesquisar as primeiras exibições aqui ocorridas - sobre as quais existiam apenas registros nos amarelecidos jornais da época e apenas uma série de reportagens que havíamos publicado dez anos antes ("Cinema Cá Entre Nós", O Estado do Paraná, Prêmio Reportagem Cidade de Curitiba, 1966). Organizada, dedicada, Solange mergulhou nos arquivos e aprofundou seus estudos. Uma primeira publicação, organizada por Valêncio Xavier, então diretor da Cinemateca - que havia idealizado e implantado - não a satisfez. Decidiu transformar o estudo num trabalho mais amplo e a oportunidade surgiu quando foi fazer mestrado em História Social na Universidade Federal do Paraná. O tema "Cinema Paranaense: 1900/1930", estudando não apenas as exibições aqui ocorridas mas também de três de nossos cineastas pioneiros Anibal Requião, João Batista Groff e Arthur Rugge - resultou numa dissertação de mestrado de 197 páginas, defendida na tarde da última quarta-feira, 21, no anfiteatro do sexto andar do edifício Dom Pedro II da UFP. A banca examinadora formada pelas professoras Oksana Boruszenko (sua orientadora), Maria Ignez de Boni e o professor Luis Fernando Santoro, da Escola de Comunicação e Arte/Universidade de São Paulo e também do Instituto Metodista de Ensino Superior, não deixou por menos: por unanimidade, a nota máxima (dez) pelo belíssimo trabalho. Aprovada assim com os maiores méritos, Solange é a primeira paranaense a defender uma dissertação de mestrado tendo o cinema como tema. Muito justamente, os amigos a levaram para comemorar no democrático ambiente do "Calamangue", um bar da moda na Rua Conselheiro Araújo. Aos 34 anos, completados no dia 2 de setembro, ex-assessora de imprensa do INPS, Solange é há três anos pesquisadora contratada da Cinemateca do Museu Guido Viaro. Há dois anos, o Conselho dos Pesquisadores do Cinema Brasileiro - do qual faz parte - lançou um volume contendo a pesquisa que elaborou sobre o filme "Jacarezinho - A Cidade Rainha do Norte do Paraná" realizado nos anos 40. Conhecida nacionalmente por seu trabalho de pesquisadora séria e dedicada, estudiosa de cinema, Solange é casada com o cineasta Anibal Pozzo, paraguaio radicado em Curitiba, com o qual tem realizado vários trabalhos em vídeo. Juntos, documentaram toda a trajetória dos sem-terras que acamparam defronte ao Palácio Iguaçu durante meses, num material precioso - que, quando editado, poderá resultar em mais um importante documentário sobre a questão dos sem-terras no Brasil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
27/12/1988

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