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Aramis

Trilhas Sonoras

Na ausência da imagens, o consolo do som. Pouco a pouco, vamos nos acostumando a ter ao menos as músicas dos filmes que a Censura veta ao [público] brasileiro. "Z", de Costa Gravas, foi proibido, mas a trilha sonora de Mikes Theodorakis, saiu pela CBS, e até hoje está em catálogo. "Laranja Mecânica", o extraordinário filme que Stanley Kubrick realizou do romance de Anthony Burgess, tem no mínimo três elepes com "músicas de sua trilha sonora" lançadas por aqui - desde os temas clássicos até a mais experimental música de computador desenvolvida por Walter Carlos para o finem - definitivamente "verbotem" entre nós. "O Último Tango em Paris", teve sua trilha original editada pela Copacabana, que representa a United Artist Records entre nós, enquanto a musica - título de Gato Barbieri mereceu já mais de 40 versões colocadas no mercado. Outros exemplos poderiam ser lembrados e a este acrescente-se agora a música de "Emmanuelle", o filme de Just Jaeckin que há mais de um ano lota cinemas na Europa, embora agora a última palavra em termos de erotismo seja "A História de "O". O disco com a trilha sonora de "Emmanuelle" chega no Brasil, numa edição da Continental (3-01-404-070, outubro/75), que aqui representa a Warner Brothers Records, que anteriormente já havia editado em compacto o tema central de Pierre Bachelet e Hervé Roy. Agora, o elepe permite conhecer os 20 curtos temas que marcam todas as [seqüências] de "Emmanuelle", filme que embora definitivamente proibido nos cinemas, tem chegado em partes, cópias super 8, projetas em íntimas sessões. Em termos musicais, a trilha de Bachelet e Herve Roy (com letras CH versões em inglês de Howard/Blaikley), são agradáveis, oferecendo ao ouvinte um clima de intimismo e suavidade - deixando que a imaginação trabalhe e imagine as cenas do filme, com a deliciosa Sylvia Kristel no papel-título. Marco Versiani, 27 anos, poeta e letrista, é parceiro do excelente Maurício Einhorn (harmônica de boca e compositor) em algumas de suas melhores músicas ("Clima", "A lua e aquela paz"), mas como acontece com tantos talentos, até hoje não "estourou" nenhum sucesso. Honesto e criativo, Versiani desenvolve um trabalho poético de bom nível, não deixando evidentemente a música, mas esperando dias melhores. Há sete anos, no setor nacional do III Festival Internacional da Canção Popular, Versiane classificou entre as finalistas uma bonita música "Terra Santa", defendida por Jorge Nery. Ali nascia uma parceria com Alberto Araújo, 33, piauiense da mesma geração de Torquato Neto, e com quem continua a trabalhar até agora. Fazendo músicas bonitas que permanecem inéditas, ou criando trabalhos comerciais necessários à sobrevivência, como as músicas para a pornochanchada "O Roubo das [Calcinhas]", editada em compacto simples da CID (CS 5614, outubro/75). Este é a terceira ou quarta pornochanchada para a qual Versiane cria músicas, trabalho que vem aceitando apenas por razões comerciais, "pois espero em breve ter chance de fazer músicas para um filme sério". Assim embora em absoluto os temas como "I Love Bacalhau", e "O Roubo das Calcinhas", em seu tema de abertura, mereceu um digno arranjo de Cristovão Bastos, excelente pianista, ex-integrante do grupo de Paulinho da Viola. Acreditamos em Alberto Araújo e Versiani, apesar das concessões comerciais à pornochanchada...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Música
32
02/11/1975

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