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Aramis

Trio Elétrico virou gênero carnavalesco

Uma das inovações do Carnaval baiano sugida no início da década de 50 - e que se transformaria em uma forma comercial de fazer barulho promocional a partir da década de 70 - o trio elétrico - também acabou virando um sub-gênero carnavalesco. Tanto é que se multiplicaram gravações de "trios elétricos", a maioria até produzida em estúdios, na maior picaretagem sonora. Há, entretanto, alguns registros espontâneos, capazes de valorizar (e mesmo documentar) a alegria - ao menos no ponto de vista baiano. Por exemplo, no Carnaval de 1988 em Salvador, uma novidade atraía foliões. Além dos já tradicionais trios elétricos, desfilava pelas ruas da cidade um caminhão especial. Ou melhor: espacial. Com um enorme palco giratório que permite a observação dos músicos pelo público sob os mais diversos pontos de vista, estava sendo lançado, em grande estilo, o Trio Espacial. Seu criador: Osmar Macedo. O mesmo que, em 1950, ao lado do inseparável amigo Dodô, revolucionara o Carnaval da Bahia em cima de uma Fubica. Naquela época a guitarra elétrica ainda não havia chegado ao Brasil e, montada num portentoso Ford 29, a dupla Dodô e Osmar animava a cidade ao som amplificado dos "paus elétricos" que acabavam de inventar. Dodô morreu há anos mas o trio elétrico tornou-se uma instituição do Carnaval baiano e o velho Osmar nunca parou de sair. Trio Espacial é o 13o. disco do Trio Elétrico (edição BSK, distribuição CBS) e uma homenagem dos filhos Aroldo, André e Betinho a Osmar. Nele, os irmãos Macedo, legítimos continuadores da obra do pai e seu parceiro Dodô, mostram mais uma vez que nem só de frevo e Carnaval vive o Trio Elétrico. Assim o Trio Espacial, com participação afetuosa de Moraes Moreira e Armandinho (este também um irmão Macedo) trazem uma geléia geral de ritmos, o que bem mostra o caldeirão sonoro (com pitadas de marketing) que se transformou o Carnaval. Assim então lambadas ("Paz de espírito" e "Aquidabã"), reggaes ("É Carnaval o ano inteiro" e "Amar é"), afro-sambas ("Deus de fogo" e "Baticum"), ijexá ("Um beijo na vitória") e até o compasso binário do frevo - este sim, legítimo exemplo do Carnaval nordestino.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
16
05/02/1989

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