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Aramis

Tschaikowsky e Karajan, juntos

Em seu pacote, como sempre excelente, de lançamentos clássicos no mês de maio, a Polygran incluiu três álbuns preciosos: as sinfonias número 4, 5 e 6 de Tschaikowsky, na interpretação de Wiener Philharmoniker, sob regência de Herbert von Karajan. Dispensáveis adjetivos. Afinal, da Filarmônica de Viena, fundada em 1842, está entre as 4 mais notáveis orquestras de todo o mundo. Entre os seus regentes contam-se Otto Nicolai (que dirigiu o primeiro concerto), Hans Richter, Gustav Mahler Joseph Weingartner, Wilhelm Furtwangler, Bruno Walter, Cláudio Abbado e von Karajan - titular da Filarmônica de Berlim, mas constantemente requisitado a dirigir a orquestra austríaca. No século XIX, a Wiener Philharmoniker ofereceu muitas primeiras audições de Brahms e Bruckner, entre outros. Enfim, ao longo de quase 150 anos, tem sido um dos mais ilustres conjuntos do gênero em todo o mundo. No ano passado, a Orquestra gravou três obras fundamentais de Piotr Tschaikowsky (1840-1893). A Quarta Sinfonia, em Fá Menor, Opus 36, obra iniciada em fins de 1876 e concluída em janeiro de 1878 - a primeira das três tardias sinfonias sobre a providência, "confissões d'alma musicais" como define o musicólogo Thomas Kohlhase. Juntamente com "Eugen Onegin", ela representou o estágio da madura maestria a que o compositor havia chegado no final de seus 30 anos de idade e constituiu, realmente, uma obra-chave para a compreensão de suas sinfonias tardias. Kohlhase nos ensina também que tanto na Quarta Sinfonia, como na Quinta - cujos esboços datam de abril de 1888 - Tschaikowsky mostra inalterado o motivo do destino "em seu caráter heróico, quiçá violento". E sua inclusão na obra sinfônica parece ser mais de fora, mas formal, quando compôs a Quinta Sinfonia - em Mi Menor, Opus 64 - onde desenvolveu uma espécie de técnica de "idéia-fixa" em sua Sinfonia "Manfredo", lembrando Berlioz e a "Sinfonia Fantástica" do mesmo. Talvez a mais conhecida de suas sinfonias - a número 6 em Si Menor, Opus 74, chamada "Patétca", tem dezenas - centenas possivelmente - de gravações diferentes. Indaga Kohlhase: "O que será que, sempre de novo, atrai intérpretes e o público para essa última obra importante do grande mestre russo?" Tschaikowsky disse que era "o toque final de todo o seu trabalho", falou do caráter de réquiem da Sinfônica, disse que seu programa "mais do que nunca está imbuído de subjetividade" e "de tal forma que para todos continuará sendo um enigma". Disse mais: - "Nessa Sinfonia coloquei, sem exagero, toda a minha alma!" A Sexta Sinfonia de Tschaikowsky, indubitavelmente a mais importante obra de arte sinfônica russa, é, ao mesmo tempo, o legado musical do compositor. Ela foi esboçada de 4 de fevereiro até 24 de março de 1893, levada a partitura em julho a agosto, e estreada em Petesburgo em 16 de outubro. No dia 25 de outubro de 1893 morreu o compositor - se de cólera ou de suicídio imposto, fica a dúvida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
3
15/06/1986

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