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Aramis

Um documento de alerta

A presença de um animador cultural, da voltagem de Hermínio Belo de Carvalho num evento faz com que o mesmo não fique sem resultados maiores. Assim, o letrista, produtor e diretor da divisão de Música popular/ Funarte, acabou sendo um dos mais entusiastas articuladores para discussão de uma "Carta de Avaré", que valorizada pelo pêso dos nomes que integraram o júri, não deixa de ser no mínimo mais um documento de alerta sobre a situação (dramática) que vive nossa música popular, "acentuando-se a forma extremamente perigosa, vícios que refletem a má qualidade da música que é predominantemente veiculada pela maioria do sistema de rádio e televisão, e que influencia a maciça parte da produção que é escoada nesse canal alternativo dos circuitos de festivais que deveriam objetiva e prioritariamente apoiar a revelação de valores novos para o nossa cada vez mais invadido e afunilado mercado musical". O documento denúncia: "Essa má qualidade decorre sobretudo de um Código de Telecomunicações defasado em relação às necessidades de uma criação consciente, que não deseja se atrelar à massificação desnacionalizante de uma corrente alienada e descartável que vem sendo beneficiada por esse mútuo acordo entre as indústrias, que manipulam com a matéria prima brasileira". Como "faz-se necessário consolidar-se a consciência de que toda renovação emana também de uma apuração dos meios que servem de suporte à criação artística", a "Carta de Avaré" faz recomendações que, se espera, algum dia venham a ser atendidas. xxx Que os circuitos de festivais, através de consulta mútua, consolidem suportes que efetivamente apoiem uma criação original e de extrema qualidade, que esteja a serviço de um efetivo apoio aos valores jovens do Brasil". xxx "Que essa filosofia, prevalecendo nesses circuitos, seja paralelamente embasada om eventos de caráter didático e cultural, através de oficinas de trabalho (workshops) que apurem a qualidade de formação do jovem criador brasileiro; de fóruns de debates onde se discutam as condições do nosso mercado em todas suas interfaces; de amostragens as mais diversas (sessões de vídeo, concertos didáticos, painéis) que permitam esses canais alternativos de escoamento, devolvendo aos festivais os objetivos que os norteiam como formadores de talentos comprometidos com a nossa abrangente cultura". xxx A dedicação que, de uma forma ou de outra, os 14 membros do júri da Feira de Avaré tem para com a música brasileira, confere uma maior importância a este documento, que merece ser divulgado o máximo possível (e no Paraná, ser ao menos lido pelos organizadores de "festivais" que, sem maiores critérios, vem se multiplicando por dezenas de cidades, sem trazerem qualquer contribuição maior a nossa cultura musical). Zuza Homem de Mello, jornalista, radialista, produtor, foi o presidente do júri, no qual estiveram os músicos Toninho Horta; Arismar do Espírito Santo; Hector Costita; Almir Sater e Jean Garfunkel; letristas Hemínio Belo de Carvalho e Murilo Antunes; jornalista Juarez Fonseca ("Zero Hora", Porto Alegre); Oswaldo Biancardi Sobrinho, Kiko Ferreira e Silvio Di Nardo; cantora Vania Bastos e produtor Elton Alteman.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
20/07/1988

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