Um filme produzido com ajuda de amigos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de janeiro de 1988
Luiz Maria Guimarães Esmanhotto, 40 anos, filho de um dos grandes educadores que o Paraná teve - o professor Luiz Esmanhotto - embora seja um dos mais bem pagos (e disputados) executivos da área da informática, sempre teve uma grande paixão pelas artes. Nos seus tempos de aluno do Instituto Tecnológico da Aeronáutica - que acabou não concluindo devido a ter sofrido perseguições em 1964 - já fazia teatro amador. Depois foi crítico da "Veja" e, no início do governo Ney Braga, em 1980, a convite do então secretário Luís Roberto Soares, da Cultura, Esmanhotto sacrificou um salário de milhões para dirigir o Guaíra. Ali, conduziu, pessoalmente, duas grandes produções - "O Contestado", de Romário Borelli e a estréia nacional de "Rasga, Coração", a peça póstuma de Oduvaldo Viana Filho, dirigida por seu amigo José Renato (com quem Esmanhotto havia trabalhado, como ator, em "Escola de Mulheres", de Moliére, nos bons tempos do TCP).
A experiência de Esmanhoto na administração pública foi curta. Executivo liberto da burocracia esbarrou em problemas estruturais e acabou voltando para São Paulo, assumindo posto na direção da VASP. Agora, trabalha no Serpro, em Brasília, mas continua de antenas ligadas nas artes. Tanto é que foi um dos 20 cotistas na produção do primeiro longa-metragem da dupla de arquitetos de interiores Isay Weinfeld e Márcio Kogan, seus amigos de longa data.
Com recursos próprios (e de amigos que acreditaram no projeto), Isay e Márcio estão concluindo "Fogo e Paixão", cuja montagem é do curitibano Mauro Alice. Comédia descompromissada, sobre a excursão de um grupo de pessoas por São Paulo, este filme - uma das esperanças para a produção 88 - tem um notável elenco de apoio: Fernanda Montenegro, Monique Evans, Tônia Carrero, Rita Lee, Roberto de Carvalho, Paulo Autran, Fernanda Torres, Regina Casé, Nair Belo, Sérgio Mamberti e Zezé Macedo.
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Kogan e Weinfeld, ambos de 34 anos, definem "Fogo e Paixão" simplesmente como um filme de humor. O roteiro, também deles, tem ótimas sacadas de surrealismo, dentro de uma excursão turística de ônibus por São Paulo. A dupla já mostrou seu talento no curta "Idos com o Vento", que embora premiado no Festival de Gramado-84, não recebeu certificado do Concine, com a ridícula alegação de "não tratar de tema brasileiro". O curta era uma gozação com Patrício Bisso, travestido de Margareth Mitchel e com roteiro baseado na "orelha" de "E o Vento Levou...".
[Esmanhotto] ou [Esmanhoto]
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