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Aramis

Um livro que mostra quem fez o que na formação do Estado

Em forma de verbetes - mais ou menos extensos, dependendo do tema tratado - o "Dicionário Histórico-Biográfico do Estado do Paraná" não se restringe às informações sobre pessoas, Instituições, episódios, eventos ligados ao nosso Estado são devidamente explicados, sempre de forma clara e didática. Completíssimo índice de pessoas, instituições e periódicos citados, relacionados nas 84 páginas finais facilitam a consulta ao dicionário. Com uma modéstia exemplar, características de sua personalidade que o fez um dos intelectuais e políticos mais [bemquistos] do Estado (seu nome foi lembrado, na formação de governo Requião, para voltar à pasta da Cultura, mas ele [desestimulou] qualquer envolvimento), Luís Roberto Soares não só reconhece a necessidade de este trabalho ser atualizado e ampliado, como também admite que a sua publicação não invalida um projeto que há anos defendemos: a estruturação da Enciclopédia Paranaense, que com recursos da informática e aberto a milhares de verbetes (que poderão ser constantemente atualizados) para consulta em terminais de computadores. Não chegando a mil verbetes - o número exato não é lembrado nem por Luís Roberto - este Dicionário tem, entretanto, a validade de trazer, aqui e agora, informações que faltavam para se conhecer melhor o Paraná. Entretanto, dentro do caráter seletivo dos autores, milhares de outros nomes foram, naturalmente excluídos em todas as áreas, o que recomenda não só reedições futuras da obra como, o que seria desejável, sua transformação numa Enciclopédia, que reunida de forma prática e econômica em bancos de dados - com acessos espalhados por todo o Estado (e mesmo no Exterior) possa fornecer informações que, aqui não estão por uma natural limitação gráfica e de produção. Numa discreta apresentação, o coordenador reconhece que "o melhor e mais correto seria que esta obra se intitulasse "Verbetes para um Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná", pela simples e não tão boa razão de que alguns eventos, muitos temas e vários personagens não foram nela incluídos por insensíveis limitações de espaço e de tempo, e também porque - confessar é preciso - houve uma certa "arbitrariedade" na seleção dos verbetes, infelizmente inevitável em obras dessa natureza". Definindo, assim, o projeto como uma "suma paranística" - ao reunir fatos, pessoas, polêmicas, instituições que configuram, desenharam e fizeram o Paraná e que, de certa forma continuam fazendo - Luís Roberto Soares reconhece que a obra não teve pretensão de ser exaustiva, de larga abrangência, "mas sim um trabalho de referência, com balizamentos que permitissem incursões de maior alcance. É porto de saída e não de chegada, como é da natureza dos dicionários". O Dicionário - que agora, nesta primeira (e reduzida) edição, começará a ser disputado, tem um procedente ilustre: o "Dicionário Histórico e Geográfico do Paraná", de [Ermilino] Agostinho de Leão (Curitiba, 14/1/1871-27/2/1932), com seus 6 volumes publicados entre 1926/29 pela Empresa Gráfica paranaense. Na pobreza de nossa bibliografia, outro dicionário do mesmo gênero, preparado pelo professor Nivaldo Braga, teve seus originais perdidos. Dentro de obras referenciais - com verbetes sobre o nosso Estado - que se deve a trabalhos isolados como de [Ermelino] de Leão, devem ser lembrados também a série "Almas das Ruas" da professora Maria Nicholas (Curitiba, 10/9/1897-3/6/88), em seu inventário sobre os homens e mulheres perpetuados nas placas de ruas, avenidas, praças e demais logradouros de Curitiba e a "Galeria de Ontem e Hoje" do professor e historiador David Carneiro (1905-1990). Obviamente em centenas de livros e publicações diversas que formam as bibliotecas paranistas - agrupadas na Biblioteca Pública, Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Centro de Letras etc., e outras entidades, além de bibliotecas particulares, existem informações sobre pessoas, fatos & instituições do Paraná - mas não de forma catalogada, para fácil e rápida consulta. Assim, a edição de Dicionário, que em feliz momento o ex-presidente do Banestado, Carlos Antônio de Almeida Ferreira, decidiu patrocinar - e que encontrou suficiente sensibilidade do atual presidente, Heitor Wallace de Mello e Silva, para garantir a sua conclusão - é o exemplo maior de como se pode investir bem, em projetos sérios e culturalmente importante, os recursos oficiais. Afinal, a realidade é que a memória histórica do Paraná - como aliás do próprio país - carece de fosfato em todos os setores. Em sua introdução, Luís Roberto alerta: - "Pouco se edita e quase nada se reedita (e quando ocorre divulga-se mal) livros ou mesmo documentos que seriam valiosíssimos para um percurso na história do Estado."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/04/1992

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