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Aramis

Uma homenagem merecida ao grande artista Akira

Recuperando-se de uma operação cardíaca, José Augusto Iwersen, 44 anos, um dos batalhadores pelo cinema cultural em Curitiba nos anos 60 e hoje produtor-editor de 32 diferentes revistas em São Paulo, não deixou de se emocionar logo no início da 62ª festa de entrega dos Oscars. Karl Malden, 76 anos, como presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, abrindo oficialmente o maior espetáculo da indústria cinematográfica - e frente a uma platéia mundial de mais de um bilhão de telespectadores - falou dos novos tempos do cinema - e de sua internacionalização, o que levou, pela primeira vez, a festa ter segmentos em 5 capitais do mundo - Londres, Tóquio, Buenos Aires, Moscou e Sidney. Iwersen não pode deixar de lembrar uma outra festa de cinema, mais modesta mas inesquecível - realizada há exatamente 26 anos, em abril de 1964, quando o mesmo Karl Malden, vindo do então internacional festival de cinema de Mar Del Plata, na Argentina, fez escala em Curitiba para - junto com Janet Leight e Tony Perkins - participar da penúltima das Tribunascope de Ouro, que Júlio Neto idealizou e coordenou por quase uma década. No palco do então recém-inaugurado cine Vitória, Malden foi quem entregou ao então jovem José Augusto Iwersen, cabelos raspados devido a sua aprovação no vestibular do curso de Ciências Econômicas (que nunca concluiu), um troféu especial, conferido pelos esforços que vinha fazendo no cine Pró-Arte e, posteriormente, no Santa Maria - o primeiro cinema de arte de Curitiba. Homenagens especiais sempre são significativas na festa do Oscar e este ano a emoção foi tão grande quanto a que marcou quando em 1971 Charles Chaplin (1889-1977) veio especialmente da Suiça para receber o troféu que tantas vezes os membros da Academia lhe negaram e, mais recentemente, em 1987, quando Billy Wilder, 80 anos, mereceu o troféu Irving G. Thalberg. Este ano, os milhares de stars da comunidade cinematográfica de Los Angeles que lotavam o Dorothy Chandler Pavillion, de pé, aplaudiram outro octogenário mestre das imagens - com toda razão apresentado pelo mestre-de-cerimônias Billy Crystal como "o mais importante cineasta vivo": o japonês Akira Kurosawa, 27 filmes (quase todos obras-primas) em 47 anos de carreira, e que graças à dupla de golden boys da usina de sonhos - George Lucas e Francis Coppola -, pode concluir um projeto de muitos anos, "Dreams", que abrirá o próximo festival de Cannes, no dia 10 de maio. Com a humildade e sabedoria oriental, numa filosofia quase zen, Kurosawa foi emocionante ao falar de que até hoje não havia compreendido "a essência do cinema". Numa mensagem de grandeza humana e otimismo, terminou por dizer que continuará a fazer filmes, "que talvez possam me ajudar a entender a essência do cinema, pela qual recebo agora este prêmio". Em Genebra, a atriz francesa Isabela Hupper entregou o único prêmio científico deste ano para Pierre Argenieux, 83 anos, o inventor da lente zomm. O troféu humanitário Jean Hersholt (criado para perpetuar a memória do ator dinamarquês-americano, falecido em 1956, aos 70 anos) este ano foi para o produtor Koward W. Koch, 74 anos, que ao longo de uma bela carreira como executivo de grandes estúdios - nos últimos 26 anos na Paramount - tem se distinguido por suas atividades junto a entidades filantrópicas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/03/1990

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