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Aramis

Uma visita para a história (II)

Segunda-feira, 7, Nunes Nassif, 52 anos, proprietário de Signus Lanches, na Rua Marechal Deodoro, fazia os cálculos e concluía: dos 3 mil << kibes >> e 2.500 sanduiches que havia preparado pensando no supermovimento do último fim-de-semana, mais de 60% não foram comercializados. Um prejuízo ao redor de Cr$ 20 mil. Mas, com a << Tribuna do Paraná >> nas mãos, comentando a manchete do vespertino - << João de Deus deixa rastro de esperança >> - comentava com seus fregueses: << Sou libanês e católico sinto-me ainda emocionado. O Papa João Paulo emociona quem tem pele >>. Para Nassif, simpático e cordial com seus fregueses, o fato de o movimento em sua lanchonete não ter sido o que esperava, não incomodou: << Valeu a interação: queria servir aos que vieram para ver o Papa >>. Como Nassif, milhares de outros curitibanos não falavam de outro assunto no início desta semana: a visita do Papa. Afinal, de uma forma ou outra a presença do Sumo Pontífice em nossa cidade, nos dias 5 e 6, atingiu a todos. Mesmo os mais convictos ateus ou irônicos agnósticos, se curvaram perante um fato: a presença do Papa significou, no mínimo, um renascimento da fé e da presença da Igreja Católica - nos últimos anos sofrendo uma concorrência cada vez maior de novas seitas, crenças e religiões. *** Não foi somente o comerciante Nassif que superdimensionou as necessidades provocadas pela presença do Papa João Paulo II. Menos de 40% das máquinas de escrever, aparelhos de telex e cabines telefônicas instaladas no Palácio Iguaçu foram utilizadas. Dos 1.300 jornalistas que acompanhariam a comítiva do Papa, não passaram de 400 profissionais. Em compensação, o esforço de uma equipe de 450 pessoas, concentradas em torno da Secretaria da Comunicação Social, fez com que os elogios fosse, unânimes. Nada faltou aos jornalistas, radialistas e homens de televisão, que tiveram todas as facilidades para trabalhar. O secretário Cleto de Assis e seus assessores viraram duas madrugadas, praticamente sem dormir, para que nenhum ponto falhasse e, só no domingo, após as 14 horas, é que tiveram um merecido - e aguardado - repouso. *** No decorrer dos próximos dia, os números estatísticos exatos, serão revelados: quantas chamadas DDI ou DDD foram feitas, o custo da movimentação das equipes da Telepar, Copel, etc. A segurança ficou com 6 mil homens, entre integrantes da Polícia Militar e Civil. Passada a visita do Papa - em toda o trabalho que motivou aos mais diversos setores - ficou a certeza de um fato: o dever cumprido. E na área da comunicação, poucas vezes um evento foi tão bem documentado a todos, pela imprensa, imagens de televisão e, especialmente, na transmissão da Rede Estadual de Rádio, com 98 emissoras em cadeia, afora as coberturas isoladas das emissoras do católico Erwin Bonkoski - Colombo-Cultura-Colméia (<< Campo Mourão >>), rede Capital e a Rádio Clube Paranaense. Aliás, a PRB-2, a mais antiga emissora do Estado e pertencente a Curitiba Metropolitana, ao contrário da Rede Estadual, ficou restrita a cobertura oficial, até às 20 horas de sábado e a partir da manhã de domingo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
09/07/1980

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