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Aramis

Uma voz sensata na crise universitária

Após uma acalorada sessão, na Câmara Municipal de Londrina, na tarde de quinta-feira, 20, foi aprovada proposta do jornalista e vereador Tadeu Felisbino, um dos mais lúcidos integrantes daquela casa: a formação de uma comissão de alto nível, integrada por lideranças expressivas da região, professores universitários, intelectuais, profissionais liberais e outros representantes de vários setores para, no menor prazo de tempo obter, em Curitiba, um a reunião precisa e sincera com o governador Roberto Requião. A crise que atinge as universidades de Londrina - que ontem teve penhorado por decisão da Justiça do trabalho o seu cineteatro Ouro Verde (anteriormente, já havia sido penhorado o laboratório industrial) adquiriu novos contornos nos últimos dias, deixando de interessar apenas segmentos específicos - os 10 mil alunos e cerca de 2 mil professos - para ganhar repercussão maior. Professores de maior lucidez, numa análise sincera das várias causas que levaram ao esvaziamento e crise econômica não só da Universidade de Londrina, mas também as de Maringá e Ponta Grossa - as três criadas há 20 anos, no final do governo Paulo Pimentel - acham que a opinião pública precisa ser melhor informada do que realmente está acontecendo. Até agora, as notícias divulgadas colocam a comunidade universitária numa situação desconfortável, antipática mesmo à opinião pública - quando, as instituições que nascem graças a visão do então governador Paulo Pimentel, merecem também terem seus créditos positivos melhor divulgados. "A crise que passamos é o reflexo de vários condicionamentos regionais, políticos e econômicos - e, naturalmente, da própria situação do Brasil", diz um dos dez professores, que integram o comitê de instalação da Universidade de Londrina, o médico Lauro Beltrão, 59 anos, completados no dia 2 de fevereiro, curitibano que em 1971 foi, oficialmente, designado pela Universidade Federal do Paraná - da qual era professor desde 1954, ano de sua formatura - para dar sua contribuição a criação da então nova universidade. Lauro foi e ficou em Londrina. Ali casou e nasceram seus três filhos e hoje, na condição de homem nascido em Curitiba, sem nunca ter perdido suas ligações com a sua cidade natal, mas que identificou-se ao Norte, ali plantando também raízes culturais, profissionais e afetivas, vê o Paraná como um todo. De uma família de colonizadores e plantadores de cidades do Sudoeste, Oeste e Norte do Paraná - os engenheiros Alexandre Gutierrez Beltrão (1898-1987), seu pai, e Francisco Gutierrez Beltrão (1886-1961), seu tio -, Lauro tem sido uma das vozes mais ouvidas na atual crise, que o preocupa profundamente - "pelo caráter emocional, que às vezes foge da razão objetiva dos fatos e que exige reflexões a altura do nível das pessoas envolvidas: de um lado a comunidade universitária, de outro os homens que ocupam os cargos maiores do poder Executivo". Seu pai, Alexandre Gutierrez, prefeito por duas vezes de Curitiba, tronco de uma família das mais ilustres em nossa comunidade, sempre sonhou - como seu irmão Francisco - com a integração do Paraná, em todos os quadrantes - "sem separatismos, sem regionalismos prejudiciais". Esta filosofia é que faz com que Lauro Beltrão, em sua independência de professor que se dedica em tempo integral a Universidade, procurar, neste momento de crise, fazer ouvir a sua voz sensata que, por insistência de colegas e amigos, gostaria de trazer ao governador Roberto Requião e transmitir aos veículos de divulgação locais e nacionais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
22/06/1991

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