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Aramis

A vida segundo Lelouch

Das diluitivas piruetas estéticos - visuais de "Um Homem, Uma Mulher " à inteligente linguagem de "Toda Uma Vida" ( cine Rívoli, 4 sessões), não há dúvida de que o francês Claude Lelouchevoluiu bastante. Ao pretender contar uma simples estória de amor ao longo de sete décadas, sem dúvida Lelouch nõa foi nada modesto. Mas o resultado é bem acima do esperado, principalmente para quem já vinha olhando com desconfiança a sua carreira em declíneo, após os prêmios e o enriquecimento que "Um Homem, Uma Mulher " haviam garantido. Como "Shampoo" (cine Bristol, 2º semana), "Toda Uma Vida" é o exemplo do filme agradável de ser visto. Mas ao contrário do digestivo trabalho do norte-americano Hal Hashby, "Toute Une Vie"é um filme que ao lado de seu belo envólucro tem algumas idéias . Mudanças políticas na Europa , uma evolução no comportamento social - eccnômico, a liberdade dos permissivos anos 60/70 contribuem para que Lelouch possa, contando uma simples estória de amor , dar uma mínima dignidade política - principalmente tratando-se de um autor que sempre foi pretencioso - e frustrado, na maioria das vezes - em seus digestivos filmes. A fórmula de empregar o próprio cinema - o herói de um jovem marginal , tranforma-se em premiado cineasta ( com alguns elementos autobiográficos e detalhes que também permitem uma comparação com François Truffaut) preocupado em realizar "um filme do futuro", faz com que a linguagem seja das mais modernas. A leveza com que Lelouch tratou seus personagens , o dinamismo das sequencias, o bom elenco reunido - dos já conhecidos Charles Denner, Carla Gravina, o cantor Gilbert Becaud - aos dos novatos Marthe Keller e Andre Dussolier, "Toda Uma Vida" é o filme de reconciliação de Lelouch com o público mais exigente. E astuto empresário como sempre, o diretor de "Viver por Viver" não deixou de adicionar um ponto para garantir maior aceitação de seus público: a heroína (ou anti-heroína) e seu pai são judeus. E, está provado que o público israelita é um dos que mais frequenta cinema. A trilha sonora de Francis Lai está enxuta, sem o xaropismo de seus trabalhos anteriores e uma correta utilização de "Moonlight Serenadade" (Parish / Miller), nas nostálgicas sequências em flash-back. Apesar de tudo, nem por isso "Toda Uma Vida" conseguiu agradar o público curitibano. Ontem, devido à baixa renda, foi substituído por "Uma Estranha Maneira de Amar". Sem dúvida, é bem estranha a maneira do curitibano amar o cinema...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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01/09/1976

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