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Vídeo Trade Show, o grande evento de 88

Uma prova dos nove para a consolidação do vídeo no Brasil é a realização da Vídeo Trade Show (Anhembi, São Paulo), de 4 a 9 de março de 1988, que três empresários de visão - Cyro Del Nero (conhecido também por seus trabalhos como cenógrafo e artista plástico), J. D'Ávilla e Gilberto Silva estão coordenando há vários meses. Organizadíssimos, dando a este evento uma dimensão internacional, estão buscando cobrir todos os espaços, inclusive editando um bem bolado "Vídeo Trade Jornal", que, independente da mostra, pode ter vida autônoma. Buscando os melhores profissionais para os diferentes setores, a JGC Empreendimentos contratou Moracy do Val, ator, crítico de teatro, cinema e televisão (nos áureos tempos da "Última Hora"), que tanto na música - fazendo dos Secos & Molhados o maior fenômeno de comunicação e sucesso nos anos 70 - e no cinema - com "Menino da Porteira" (visto por 5 milhões de espectadores, um recorde, considerando que hoje Os Trapalhões, maior bilheteria, mal conseguem passar dos 3 milhões), tem sido um vitorioso. Homem atento a evolução do lazer e dos produtos da indústria cultural, Moracy do Val está entrando firme no setor de vídeo e de seu trabalho depende muito do êxito do I Vídeo Trade Show. Numa entrevista ao próprio "Vídeo Trade Jornal", estão algumas colocações que merecem transcrição e reflexão. Por exemplo, Moracy diz: - "O avanço tecnológico é irreversível. O vídeo será naturalmente incorporado a vida das pessoas. Há experiências no Brasil em áreas similares, como, por exemplo, na área do disco. Havia o disco de 78 rotações, que era dominado por uma gravadora que é hoje a Continental. Com 80% de mercado, esta empresa não acreditou que o disco LP fosse pegar, ou seja, que as pessoas fossem substituir seu equipamento de 78 rpm pelo do LP. Resultado: em cinco anos a empresa passou de 80% para 10% do mercado fonográfico brasileiro. A implantação de TV a cores no Brasil também foi uma surpresa. Ninguém acreditava que em dois anos a TV preto e branco fosse ser substituída pela colorida. Com o disco-laser vai acontecer a mesma coisa. Quanto ao videocassete, ele é hoje o segundo bem durável mais desejado pela classe média e, fatalmente, em pouco tempo, toda a família da classe média terá um videocassete em casa". O "Vídeo Trade Show" será a maior feira de vídeo já realizada no Brasil - e entrará entre os maiores eventos internacionais. A maior parte dos espaços já estão comercializados e os negócios a serem fechados neste evento deverão atingir milhões de dólares. Em novembro, durante o IV FestRio, a direção do I Vídeo Trade Show acertou com os editores da revista "Screen" - publicação inglesa (que, em seu último número, dedica 27 páginas ao IV FestRio), uma promoção visando a maior internacionalização da mostra. Assim, os participantes do American Film Market, a ser realizado em Los Angeles dias antes da I Vídeo Trade Show serão convidados a virem negociar seus produtos, basicamente venda de direitos sobre filmes na feira de "São Paulo". Sob o lema "Passe em São Paulo antes de voltar para a casa", será oferecido aos mesmos um pacote com facilidades e transporte e hospedagem pela Stella Barros Turismo. A internacionalização da promoção comandada por Cyro Del Nero cresce vertiginosamente, estando asseguradas presenças de representações de Portugal, Argentina, Itália, Cuba e Japão - entre outros países. Moracy do Val revela dados para mostrar que o I Vídeo Trade Show vai mostrar que todos os setores do mercado de vídeo estão juntos com o mesmo objetivo, o de fortalecer e desenvolver o mercado brasileiro "que ainda está engatinhando". - "Nós temos hoje cerca de três milhões de aparelhos de videocassete no Brasil e um potencial de 10 milhões de consumidores. Sabemos que dentro de dois ou três anos, este número vai dobrar, além do que ainda não chegamos na fase do consumidor final. Hoje o mercado ainda está voltado principalmente para as locadoras. A feira vai abrir este espaço também. Vai se dirigir também para o consumidor final, que dentro de pouco tempo estará montando sua Videoteca e aprendendo a usar o vídeo de maneira mais completa. Como resultado as tiragens das distribuidoras serão multiplicadas e os empresários de videolocação passarão também a condição de revendedores para o consumidor final".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Vídeo/Som
8
04/02/1988

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