Virtuoses do teclado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de setembro de 1988
No suculento pacote de clássicos da Polygram, há também três álbuns destinados a grandes pianistas. Começa pelo octagenário Wlademir Horowitz, cada vez mais seguro e vigoroso - como os telespectadores puderam ver, por ocasião da homenagem especial que lhe foi prestada na festa de entrega dos Grammy-88, pela primeira vez transmitida integralmente pela televisão, no Brasil.
Um dos últimos virtuosos maiores do teclado - ao lado do chileno Cláudio Arrau, Horowitz continua a fazer recitais e gravar discos, como o que fez no ano passado, com a orquestra do Teatro Alla Scala, sob regência de Carlo Maria Giulini. Interpretando dois concertos de Mozart - o número 23, em Lá maior e o em si bemol maior, Horowitz dá aquele toque de mestre a peças que, já conhecidíssimas, ganham uma dimensão maior. A propósito, há pouco mais de um ano, a CBS/Breno Rossi lançou um pacote com os melhores registros que o pianista russo fez naquele selo, ampliando sua discografia no Brasil.
Outro pianista notável, Alfred Brendel, com a Filarmônica de Berlim, sob regência de Cláudio Abbado, gravou o concerto para piano e orquestra no. 1, em ré menor, opus 15, de Johannes Brahms (1833-1897), concebida originalmente quando tinha 20 anos - mas que só seria concluída em 1859, com sua primeira execução em Hannover e Leipzig, nos quais, segundo a tradição, foi também solista.
Cristina Ortiz (Salvador, 17/4/1950), 34 anos de piano (começou com Dirce Bauer e aos 8 ingressava no Conservatório de Música do Rio) tem uma carreira das mais brilhantes: aos 11 anos já era solista da Sinfônica Brasileira, vencedora do VI Concurso Nacional de Piano (65), bolsista na França, com aulas de Magda Tagliaferro (em 67, ganhou o concurso com o nome da grande mestra), há 19 anos faz carreira internacional, com outras distinções - como o primeiro prêmio no III Concurso Van Cliburn (Fort Worth, 1969) e inúmeras gravações da EMI/London.
Villa-Lobos tem sido bastante divulgado por Cristina Ortiz, que no ano passado gravou 24 de suas obras para piano - agrupadas em "Bachianas brasileiras no. 4" - o "Guia prático", "Poema singelo", "Cirandas" e 4 temas do "Ciclo brasileiro" (1936). Na contracapa desta gravação, que agora chega no Brasil, o musicólogo Simon Wright destaca a importância das obras que Villa-Lobos compôs para piano, e fosse nas criações ligadas a folclore e infância, ou nas propostas mais complexas - sempre com o profundo sentido de brasilidade.
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