Vittuosismo de Winton em momento excelente
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de abril de 1985
Se houve uma revelação do instrumentista nesta década, sem dúvida foi Wynton Marsalis. Desde o lançamento de seu primeiro disco, não há outro artista que tenha conseguido tantos prêmios e tantas criticas entusiáticas quanto este jovem de apenas 23 ano, menbro de uma familia de músicos - seu pai e irmão também são excelentes profissionais. E tem mais: Marsalis tem sido bem sucedido tanto no jazz como no clássico, acumulando premiações - Grammy. Jazz poll da " Down Beat " e "Playboy" americana, entre outros.
Por exemplo, na 49º votação anual dos leitores de " Down Beat ", correpondente a 1984 - e que exprime o indice de popularidade no jazz, Wynton Marsalis conseguiu nova vitória tripla, sendo eleito músico de jazz do ano e melhor em pistão e conjunto de jazz acústico.
Felizmente, graças à visão e sensibilidade de mauricio Quadrio e Airton Coutinho, do departamento internacional de CBS, os discos de Marsalis têm aparecido no Brasil poucas semanas após saírem nos EUA. É o caso deste no elepê - " Hot House Flowers ", em gravação digital que apresenta um excepecional repertório de músicas queridas do público como "Stardust", " For All We Know ", " When You Wish Upon a Star " etc.., e conta com o acompanhamento complementar de uma orquestra de cordas de 32 elementos. Ou seja, um elepê que estará, tranquilamente, entre os melhores lançamento de 1985.
Num esclarecedor texto de contracapas, o musicólogo Stanley Crouch explica que Wynton Marsalis estava a seis meses de seu 23º aniversário quando as gravações deste elepê foram feitas. Elas mostram suas habilidades como se fossem elevados ao nível de uma secreta conferência de cúpula de grandes bateristas e dançarinos de elite. Assim " Hot House Flowers", é um titulo especialmente feliz para este disco. Bom porque ele parece feito, de um modo pelo menos, para celebrar os doces cirandas e suaves calores do amor romântico. E também pretende fazer vicejar flores melódicas em sítios aparentemente áridos. E mais: é o resultado da história dourada do trompete americano, uma história feita nas audaciosas estufas do ritmo e das paixões, onde o inimigo nunca estava pleno de emoção, mas a sentimentalidade e a histéria que faziam todas as formas de romance pareciam repulsivas em vez de inspirar e elevar.
Neste disco, Marsalis é intérprete e imporvisador, apresentado como cantor lírico de instrumento de metal ou como parte de um pequeno grupo ampliado para um grande conjunto, permitindo eloquentes contribuições do seu irmão o saxofonista Brandford Marsalis; do pianista Kenny Kirkland, do baixista Ron Carter e do flautista Ken Jordan. Mas durante todas as faixas, Marsalis faz o trompete supreendentemente flexivel, rivalizando seu som com o das cordas, de modo que o colorido que ele consegue em cada canção e individualmente matizado para o arranjo apresentado. Assim há o chocante registro do fundo do coração ouvido em "Flor All We Know", os suaves deslizes e variedades de ataque dá a "Lazy Alfetnoon" a quase jocosa intimidade "Melancolia" ou quase imaculada riqueza de sons ouvida em " Stardust", Nos tempos mais pulsantes ele renova " I,m Confessin" de um modo que provavelmente deliciaria Louis Armstrong; confere uma rica nobreza a " Django" quando flutua no hélio da paixão e inteligência acima do arranjo e dá á faixa titulo ( de sua autoria ) com uma inspiração oscilante que permite ainda um outro exemplo de trabalho maravilhoso de seção ritmica.
É um disco belo e rico - como tão bem Stanley Crouch explica em seu texto, que pela sua objetividade, utilizamos hoje neste espaço.
LEGENDA FOTO - Marsalis, virtuose do clássico e do jazz
Enviar novo comentário